quarta-feira, 14 de maio de 2014

MITOLOGIA CHINESA

MITOLOGIA CHINESA




A mitologia chinesa é o conjunto de histórias, lendas e ritos passados de geração para geração de forma oral ou escrita. Há diversos temas na mitologia chinesa, incluindo mitos envolvendo a fundação da cultura chinesa e do Estado chinês. Como em muitas mitologias, acredita-se que ela seja uma forma de rememoração de fatos passados.

Os historiadores supõem que a mitologia chinesa tem início por volta de 1100 a.C. Os mitos e lendas foram passados de forma oral durante aproximadamente mil anos antes de serem escritos nos primeiros livros como o Shui Jing Zhu e o Shan Hai Jing. Outros mitos continuaram a ser passados através de tradições orais tais como o teatro e canções, antes de serem escritos em livros como no Fengshen Yanyi.

Mitos sobre a criação:

Uma característica original da cultura chinesa é a aparição relativamente tardia na literatura chinesa de mitos envolvendo a criação. Aqueles que existem, aparecem bem depois da fundação do Confucionismo, do Taoísmo, e de religiões populares. As histórias têm diversas versões, não raro opostas entre si, com a criação dos primeiros seres humanos sendo atribuída a Shangdi, ao Céu, a Nu Kua, a Pan Ku ou Yu Huang. As versões mais comuns da história da criação são as seguintes, em ordem cronológica aproximada:


Shangdi (上帝), aparecendo na literatura em aproximadamente 700 a.C, ou antes, (a datação destas ocorrências depende da data do Shujing). Não há narrativas orientadas no sentido de dar a Shangdi a autoria da "criação", embora o papel de criador seja uma interpretação possível. Embora Shangdi pareça ter os atributos de uma "pessoa", referências a ele como o criador não são explicitadas até a Dinastia Han.


Tian (皇天, ou Céu), aparecendo na literatura em cerca de 700 a.C, ou antes (a datação destas ocorrências depende da data do Shujing). Igualmente, não há um papel de criador para o Céu, embora essa interpretação seja possível. As qualidades do Céu e de Shangdi parecem se fundir em uma literatura posterior (sendo, por isso, adorados como uma entidade única ("皇天上帝"), por exemplo, no Templo do Céu em Pequim). A extensão da distinção (se houver alguma) entre eles é debatida.



Nu Kua (女媧), aparecendo na literatura não antes de 350 a.C, diz-se que recriou ou criou a humanidade. Seu companheiro — irmão e marido — era Fu Xi (伏羲). Estes dois seres às vezes são adorados como os primeiros antepassados dos seres humanos. Eles são muitas vezes representados como criaturas metade-serpente, metade-humanas. Nüwa também foi a responsável por consertar o céu depois que Gong Gong danificou uma das colunas que suportam o céu.

Há muito tempo atrás houve um grande dilúvio e os únicos sobreviventes foram Nu Kua e Fu Xi. Quando as águas baixaram, eles se transformaram num casal de serpentes de cabeça humana. Seus filhos foram as plantas e animais do mundo. Em outro boato diz-se que Nu Wa formou as pessoas com bolas de lama.



Pan Ku (盤古), aparecendo na literatura não antes de 200 a.C, foi o primeiro ser consciente e criador. No começo não havia nada além do Caos. Fora desse Caos um ovo foi chocado por 18 mil anos. Quando as forças do Yin yang igualaram-se, Pan Ku emergiu do ovo e empreendeu a tarefa de criar o mundo. Ele separou o Yin Yang com um golpe de seu machado. O Yang, mais pesado, afundou e transformou-se na Terra, enquanto o Yin, mais leve, elevou-se para formar os céus. Pan Ku ficou entre eles e empurrou o céu. Ao fim de 18 mil anos, Pan Ku descansou. Sua respiração tornou-se o vento, sua voz o trovão, o olho esquerdo o Sol e o direito a Lua. Seu corpo transformou-se nas montanhas e extremos do mundo, seu sangue formou os rios, seus músculos as terras férteis, sua barba as estrelas e a Via-Láctea, sua pele os arbustos e as florestas, seus ossos os minerais preciosos, sua medula diamantes sagrados, seu suor caiu como chuva e as pequenas criaturas em seu corpo (em algumas versões, pulgas), carregadas pelo vento, tornaram-se os seres humanos sobre todo o mundo.



Yu Huang (玉皇, ou Imperador de Jade), incluindo representações como Yuanshi Tianzun (元始天尊), Huangtian Shangdi (皇天上帝), aparece na literatura bem depois do estabelecimento do Taoísmo na China.



Três Augustos e os Cinco Imperadores:

Após a era de Nu Kua e de Fu Xi (ou contemporaneamente em algumas versões) veio a Idade dos Três Augustos e dos Cinco Imperadores (三皇五帝), um grupo de legisladores lendários que governou entre 2.850 a.C.e 2.205 a.C, período anterior a Dinastia Xia.



A lista de nomes que compreende os Três Augustos e os Cinco Imperadores varia bastante entre as fontes, mas a versão mais conhecida e de maior circulação é:



Os Três Augustos:

Fu Xi (伏羲) — Companheiro de Nu Kua.

Shennong (神农) — Shennong, que significa "Fazendeiro Divino", ensinou a agricultura e a medicina aos antigos.

Huangdi (黄帝) — Huangdi, significando, e conhecido como, o "Imperador Amarelo", considerado o primeiro soberano da China.


Os Cinco Imperadores:

Shaohao (少昊) — Líder dos Dongyi ou "Bárbaros do Leste", sua tumba piramidal está localizada na província de Shandong.

Zhuanxu (颛顼) — Neto do Imperador Amarelo.

Ku (帝喾) — Bisneto do Imperador Amarelo e sobrinho de Zhuanxu.

Yao (尧) — Filho de Ku. Seu irmão mais velho sucedeu Ku, mas abdicou ao sentir-se um legislador ineficaz.

Shun (舜) — Yao deixou sua posição para Shun em detrimento de seu próprio filho por causa da habilidade e moral de Shun.



Estes legisladores foram considerados como extremamente morais e benevolentes, exemplos a serem seguidos por reis e imperadores posteriores. Quando Qin Shihuang uniu a China em 221 a.C, sentiu que suas realizações ultrapassavam as de todos os soberanos que o haviam precedido. Por isso ele combinou os antigos títulos Huang (皇) e Di (帝) para criar um novo, Huangdi (皇帝), normalmente traduzido como Imperador.

Grande enchente:

A mitologia chinesa compartilha com as mitologias sumeriana, grega, maia e com o Judaísmo e centenas de tradições, um período conhecido como Dilúvio ou Grande Enchente. O soberano chinês Da Yu, com a ajuda da deusa Nu Kua, ajudou a escavar os canais que controlaram a inundação e permitiram à população o cultivo da terra.

Religião e mitologia:

Houve muito intercâmbio entre a mitologia chinesa, o Confucionismo, o Taoísmo e o Budismo. Por um lado, elementos pré-existentes da mitologia foram fundidos com essas religiões à medida que eles se desenvolviam (no caso do Taoísmo), ou eram assimilados pela cultura chinesa (caso do Budismo). Por outro lado, elementos dos ensinamentos e das crenças destes sistemas foram incorporados à mitologia chinesa. Por exemplo, a crença Taoísta em um paraíso foi incorporada pela mitologia, como o lugar no qual os imortais e divindades residem. Entrementes, os mitos dos governantes benevolentes do passado, na forma dos Três Augustos e Cinco Imperadores, tornaram-se parte da filosofia política confucionista do Primitivismo.

Divindades:

Acredita-se que o Imperador de Jade seja o deus mais importante. As origens do Imperador de Jade e como ele veio a ser considerado uma divindade são desconhecidas. Também conhecido como Yu Huang Shang-ti, seu nome significa "a Augusta Personalidade de Jade". É considerado o primeiro deus e o responsável por todos os deuses e deusas.

Em sua maioria os mitos chineses envolvem temas morais que informam o povo de sua cultura e de seus valores. Há muitas histórias que podem ser estudadas ou coletadas na China.




Divindades de origem Taoísta:

Os Três Puros (三清) — Os Três Puros são a trindade Taoísta de deuses representando os princípios supremos.

Quatro Imperadores (四御) — Reis celestes do Taoísmo.

Imperador de Jade (玉皇大帝) — O Imperador de Jade é o governante supremo de tudo, contado entre as principais divindades Taoístas.

Beiji Dadi (中天紫微北极大帝) — Governante das estrelas.

Tianhuang Dadi (勾陈上宫天皇大帝) — Governante dos deuses.

Imperatriz da Terra (后土皇地祇)

Xi Wangmu (西王母) — Xi Wangmu ou Rainha Mãe do Oeste é a deusa que detém o segredo da vida eterna e a entrada para o paraíso. Originalmente era uma deusa feroz com dentes de tigre e que enviava pragas ao mundo, mas ao ser incorporada ao panteão Taoísta, transformou-se em uma divindade benigna. Na mitologia chinesa popular, Xi Wangmu vive em um palácio de jade e, por isso, é considerada a patrona dos mineiros de jade. Ela também possui um pessegueiro que a cada três mil anos produz um pêssego que concede a imortalidade.


Pak Tai ou Bei Di (北帝, 真武大帝) — Deus Taoísta do Norte, Pak Tai é um dos Cinco Imperadores que desde a Dinastia Han são associados a cada um dos pontos cardeais (Norte, Sul, Leste, Oeste e Centro) segundo a teoria dos Cinco Elementos. Em Hong Kong e Macau, são considerados divindades do vento. Pak Tai é também o deus das águas, elemento associado ao norte como a cor preta. Seu animal totem é a tartaruga negra.


Xuan Nu (玄女) — Xuan Nu foi a deusa que ajudou Huangdi (黃帝) a subjugar Chi You (蚩尤) na guerra travada entre os dois. Depois de enfrentarem-se nove vezes em uma guerra cíclica sem que nenhum dos dois vencesse, o Imperador Amarelo retirou-se para o Monte Tai que ficou envolto em neblina durante três dias. Então apareceu Xuan Nu, que tinha cabeça de pessoa e corpo de ave, e aproximou-se do Imperador comunicando-lhe uma estratégia para vencer a guerra.



Oito Imortais (八仙) — Os Oito Imortais são uma crença Taoísta descrita pela primeira vez na Dinastia Yuan. O poder de cada Imortal pode ser transferido para uma ferramenta que pode dar vida e destruir o mal. A maioria nasceu nas Dinastias Tang ou Sung. Eles não só são venerados pelos Taoístas como são elementos da cultura chinesa. Vivem na Montanha Penglai.

He Xiangu (何仙姑)

Cao Guojiu (曹國舅)

Tie Guaili (鐵拐李)

Lan Caihe (藍采和)

Lu Dongbin (呂洞賓)

Han Xiang Zi (韓湘子)

Zhang Guo Lao (張果老)

Zhongli Quan (漢鍾離)



Divindades de origem Budista:

Guan Yin (觀音), também Kuan Yin (觀音菩薩) — Guan Yin é a deusa da compaixão e piedade.

Hotei (彌勒菩薩) — Hotei é uma divindade budista popular. Deus da alegria e fortuna.

Dizang (地藏菩薩) — Dizang é aquele que salva da morte.

Yanluo (閻羅) — Yanluo é o governante do Inferno (forma abreviada do sânscrito Yama Raja 閻魔羅社).

Shi Tennô (四大天王) — Os Quatro Reis Celestes são deuses guardiões budistas.



Outras divindades:

Erlang Shen (二郎神) — Erlang Shen é um deus chinês com um terceiro olho na testa que vê a verdade. É uma divindade beligerante e sempre empunha uma espada de três pontas e mantém seu fiel "Cão Celestial Sagrado" (啸天犬) ao seu lado, o qual ajuda-o a subjugar espíritos malignos. Sua origem varia, sendo por vezes tido como segundo filho do Rei Celestial do Norte, Vaishravana. E por vezes como sobrinho do Imperador de Jade (no conto A Jornada para o Oeste).



Lei Gong (雷公) — Lei Gong é o deus do trovão. Este deus começou sua existência como mortal, mas encontrou um pessegueiro que vinha dos céus. Quando ele comeu um de seus pêssegos, tornou-se um humano com asas e logo recebeu uma maça e um martelo que poderia criar trovões. E assim transformou-se no deus dos trovões.



Nezha (哪吒) — Nezha, também chamado San Taizi (三太子, terceiro príncipe), é o terceiro filho de Li Jing, general da Dinastia Tang e chefe do exército celeste, encarregado de pôr os espíritos malfeitores que contrariam as vontades divinas e atormentam os homens no caminho correto. Nezha comanda uma parte do exército. Diz-se que ele nasceu após três anos de gravidez em uma bola de carne que seu pai, furioso, partiu com uma espada. Nezha surgiu então totalmente armado. Ele tem a aparência e o temperamento caprichoso de uma criança. Flutua no ar graças a rodas de fogo sob seus pés, leva o anel cósmico com o qual matou os filhos do rei dragão e tem em mãos uma lança. Ele pode ter membros e cabeças suplementares. Talvez seja inspirado no deus védico Nalakuvara.



Guan Yu (關聖帝君) — Guan Yu é o deus das irmandades, das artes marciais e, quando estas ocorrem, também deus da guerra.



Zhao Gongming (赵公明) — Zhao Gongming, deus da fortuna que monta um tigre.



Bi Gan (比干) — Bi Gan também é um deus da fortuna. É muitas vezes confundido com "Wu Cai Shen" (武财神) que monta um tigre e usa uma vara de pescar.



Kui Xing (魁星) — Kui Xing deus dos exames e auxiliar do deus da literatura, Wen Chang. Kui Xing era um feio, mas inteligente, anão que se tornou patrono daqueles prestando os exames imperiais. É retratado sobre uma tartaruga segurando um pincel de escrever.



Sun Wukong (孫悟空) — Sun Wukong é o deus macaco da lenda Jornada para o Oeste.



Daoji (道濟) — Daoji era um monge budista durante a Dinastia Sung e se tornou um deus devido a suas práticas em vida.



Matsu (妈祖) — Matsu deusa do Oceano, também conhecida como Rainha do Paraíso (天后). De acordo com a lenda, ela nasceu em 960 (durante a Dinastia Sung) como a sétima filha de Lîm Goān (林愿) na Ilha Meizhou, Fujian. Há muitas lendas envolvendo ela e o mar. Ainda que tenha começado a nadar tarde, com 15 anos, logo virou uma ótima nadadora. Usava um vestido vermelho para guiar os barcos de pescadores para a costa, mesmo durante tempestades. Há pelo menos duas versões envolvendo sua morte. Em uma delas, ela morreu em 987 com 28 anos, quando escalou uma montanha, subiu aos céus e tornou-se uma deusa. Outra versão da lenda diz que ela morreu de cansaço após nadar muito em busca de seu pai aos 16 anos. Após sua morte, as famílias de muitos pescadores e marinheiros começaram a rezar em honra de seus atos de bravura tentando salvar aqueles ao mar. Sua adoração espalhou-se rapidamente. É representada normalmente usando um vestido vermelho e sentada em um trono.


Zao Jun (灶君) — Zao Jun é um deus popular da cozinha. É o mais importante de uma miríade de deuses domésticos chineses (deuses do pátio interno, poços, vãos da porta, entre outros). Acredita-se que anualmente ele leva um relatório ao Imperador Jade das atividades de cada casa para que sejam recompensadas ou punidas de acordo com elas.


Tu Di Gong (土地公) — Tu Di Gong é o deus da terra no Taoísmo e nas religiões populares chinesas. As pessoas recorrem a ele quando desejam boas colheitas, saúde e quando enterram seus entes queridos. Cada vila da China tem um templo dedicado a ele, mas ele não é um deus todo poderoso, assemelha-se mais a um burocrata.


Shing Wong (城隍) — Shing Wong é o deus responsável pelo comércio em uma cidade.



Zhong Kui ou Jung Kwa (鍾馗) — Zhong Kui, pessoa mitológica famosa por subjugar demônios. Foi aprovado nos exames imperiais, mas o imperador não permitiu que ele assumisse sua posição por ser muito feio. Com raiva, Zhong Kui suicidou-se e foi enterrado por seu amigo. Após tornar-se rei dos espíritos do inferno, ele voltou para agradecer pela gentileza do amigo.



Long Mu (龍母) - Long Mu é conhecida por ter criado cinco dragões e por isso é também chamada de Mãe dos Dragões. Long Mu morava com sua família na margem de um rio, aonde lavava roupas e pescava. Certo dia encontrou um ovo nas margens desse rio do qual nasceram cinco serpentes (ou uma, segunda algumas versões). Mesmo sendo pobre, Long Mu deu o melhor de sua comida para alimentar as serpentes e elas ajudavam-na pegando peixes no rio. Com o tempo elas cresceram e tornou-se claro que não eram serpentes, mas sim dragões. Os chineses acreditam que os dragões têm o poder de controlar o tempo e assim, durante uma seca, Long Mu pediu a eles que fizessem chover e isso deixou os aldeões satisfeitos, por isso deram-lhe o nome de "Mãe dos Dragões". A notícia desse feito chegou ao imperador Qin Shihuang que lhe enviou presentes e solicitou sua presença na capital. Mas ela já estava muito velha e morreu antes de conseguir ir.



Hung Shing (洪聖) — Hung Shin foi um funcionário nomeado para administrar a província de Pun Yue, presentemente Guangdong. Ele estimulou os estudos de geografia e astronomia e melhorou as condições de vida da população, em especial dos pescadores. Por isso, após a sua morte, a população construiu vários templos em honra dele.



Tam Kung — Tam Kung é o deus do mar venerado em Macau e Hong Kong. Diz-se que pode controlar o tempo e curar doenças de crianças.



Wong Tai Sin (黃大仙) — Wong Tai Sin nasceu Wong Cho Ping (黃初平 Huang Chuping) em 338 na moderna cidade de Lanxi. Começou a praticar o Taoísmo aos 15 anos e quarenta anos depois podia transformar pedras em ovelhas.



Meng Po (孟婆) — Meng Po é a deusa do esquecimento. Ela prepara um chá chamado Chá de Cinco Sabores do Esquecimento, dado para as almas das pessoas que vão reencarnar para esquecerem suas vidas anteriores.

Os Três Augustos e os Cinco Imperadores (三皇五帝) — grupo de soberanos lendários.



Zhu Rong (祝融) — Deus do fogo. Venceu Gong Gong.



Gong Gong (共工) — Deus da água, durante a luta com o deus do fogo, ele partiu o Monte Buzhou, quebrou o céu, que foi em seguida consertado por Nüwa. É o responsável pelas enchentes. Conta-se que envergonhado por ter perdido a batalha pelo trono do Paraíso, ele bateu sua cabeça contra o Monte Buzhou (不周山), um dos pilares do céu. O pilar ficou muito avariado o que levou o céu a inclinar-se para nordeste e a terra para sudeste, causando grandes enchentes e sofrimento para as pessoas. Nüwa (女媧) cortou a perna de uma tartaruga gigante e a usou para reparar o estrago, sem consegui-lo de todo e isso explica porque a Lua, o Sol e as estrelas se movem para nordeste e os rios na China para sudeste.



Chi You (蚩尤) — Deus da guerra. Inventor das armas de metal. Adversário de Huangdi.



Da Yu (大禹) — Da Yu ou Yu o Grande regula o curso dos rios, para controlar as enchentes. Foi o primeiro imperador da Dinastia Xia e é venerado por ter ensinado o povo da China a controlar as enchentes, tendo passado sua vida a procura da solução para o problema. Sua perseverança foi tanta que impressionou Shun e este cedeu-lhe o trono. No local onde morreu durante uma caçada, foi erguido um mausoléu.



Kua Fu — Kua Fu é um gigante que persegue o Sol. Um dia ele decidiu descobrir para onde o Sol ia à noite e pegá-lo sem nunca conseguir.



Cangjie (倉頡) — Cangjie criou os caracteres chineses.



Houyi (后羿) — Houyi ou apenas Yi é um grande arqueiro, famoso por ter derrubado nove sóis. Conta a lenda que em tempos antigos, havia dez sóis na terra que se substituíam saindo um a cada dia. Um dia, cansados de suas rotinas, resolveram sair todos de uma vez e o calor foi tanto que as pedras derretiam, as pessoas morriam e as plantas secavam. Por isso, o imperador, Yao, implorou ao pai dos sóis, Dijun, que os controlasse. Os sóis não deram ouvidos a seu pai e por isso ele enviou Houyi para a Terra com um arco mágico e flechas. Dijun esperava que Houyi apenas assustasse os sóis, mas quando Houyi viu a devastação causada por aqueles foi tomado por um acesso de fúria e derrubou nove deles, restando apenas o atual. Dijun por sua vez ficou furioso e baniu Houyi para a Terra para passar o resto de seus dias como um mortal.



Chang'e (嫦娥) — Chang'e é a esposa de Yi e deusa da Lua. Há pelo menos três versões de sua história.



Qi Xi — Qi Xi é a lenda conhecida no Japão como Tanabata. Ela diz que um jovem pastor chamado Niulang (牛郎, a estrela Altair) viu certa vez sete fadas a banharem-se em um lago. Encorajado por um boi, ele pegou as roupas delas e esperou. As fadas escolheram a mais jovem e bela dentre elas Zhinü (織女, a estrela Vega) para pegar as roupas de volta. Ela o faz, mas como Niulang a viu nua, ela precisava concordar em casar-se come ele. Ela aceita e torna-se uma boa esposa, bem como ele um bom marido. Mas a Deusa do Céu, em algumas versões a mãe de Zhinü, descobre que um mero mortal casou-se com uma das fadas e fica furiosa. Tirando a presilha de seu cabelo, a Deusa cria um rio no céu para separá-los para sempre (ou seja, a Via Láctea que separa Altair de Vega). Mas uma vez por ano, pássaros apiedam-se dos dois e formam uma ponte no céu (鵲橋, Que Qiao) sobre Deneb na constelação de Cygnus e por isso eles ficam juntos durante uma noite, a sétima noite do sétimo mês.



Han Ba (旱魃) — Han Ba é uma antiga deusa da seca.

Wenchang Wang (文昌王)



Gao Yao — Gao Yao é o deus da justiça e do julgamento



Criaturas mitológicas

Pássaros:

Fenghuang — O Fenghuang é considerado a fênix chinesa.

Ji Guang (吉光)



Jian (鶼) — A Jian é uma ave mítica que se acredita só tenha um olho e uma asa: um par dessas aves depende um do outro, é inseparável, daí, representar o marido e a mulher.



Jingwei (精衛) — Jingwei é o pássaro mítico que tenta encher o oceano com gravetos e seixos. Na verdade o Jingwei era a filha do Imperador Yandi, mas morreu jovem, afogada no Mar do Leste. Após sua morte ela decidiu renascer como um pássaro para vingar-se do mar trazendo gravetos e seixos das montanhas próximas tentando enchê-lo afim de evitar que sua tragédia aconteça a outros.



Shang-Yang - pássaro chamado Shang Yang para obter a chuva. Tem só uma pata; em épocas antigas as crianças saltavam em um pé só e franziam as sobrancelhas afirmando: "Vai chover, vai chover, o shang yang está pulando pra valer". Conta-se, com efeito, que bebe a água dos rios e deixa cair sobre a terra.

Um antigo sábio o domesticou e costumava levá-lo na manga. Os historiadores registram que desfilou certa vez diante o trono do imperador Ch'i, batendo as asas e dando saltos. O príncipe alarmado, enviou um de seus ministros à corte de Lu, para consultar Confúcio. Este predisse que o shang yang produziria inundações na região e nas comarcas adjacentes. Aconselhou a construção de diques e canais. O príncipe acatou as advertências do mestre e evitou assim grandes desastres.



Jiu Tou Niao — Jiu Tou Niao é uma ave de nove cabeças usada para assustar crianças. Conta a lenda que ela seqüestra jovens meninas e as leva para sua caverna onde ficam até ser salvas por um herói.



Su Shuang (鷫鵊) — Su Shuang é uma ave mitológica, também descrita como uma ave aquática, como o grou.



Peng (鵬) — A Peng é uma ave mitológica gigante e de impressionante poder de vôo. Também conhecida como roc chinesa.



Qing Niao (青鳥) — Qing Niao o mensageiro de Xi Wangmu.



Zhu — A ave Zhu é tida como um mau presságio.



Dragões:

O dragão chinês é uma criatura mitológica das mais importantes da mitologia chinesa. É considerada a mais poderosa e divina criatura e acredita-se que seja o regulador de todas as águas. O dragão simbolizava grande poder e era apoio de heróis e deuses. Um dos mais famosos na mitologia chinesa é Yinglong. Diz-se ser o deus da chuva. Pessoas de diferentes lugares rezam para ele a fim de receber chuva. Na mitologia chinesa, acredita-se que os dragões possam criar nuvens com sua respiração. O povo chinês usa muitas vezes a expressão "descendentes do Dragão" como um símbolo de sua identidade étnica.



huanglong - huanglong Dragão Amarelo conhecido pela sua sabedoria.



Yinglong — Yinglong é um servo poderoso de Huangdi. Uma lenda diz que Yinglong ajudou um homem chamado Yu (禹) a parar uma enchente do Rio Amarelo abrindo canais com sua cauda.



Reis Dragões (龍王) — Os reis dragões são os quatro governantes dos quatro oceanos (cada um corresponde a um ponto cardeal). Eles vivem em palácios de cristal no fundo do mar de onde governam a vida animal.



Fucanglong — Fucanglong é um dragão do mundo subterrâneo que guarda os tesouros enterrados. Sua saída da terra provoca a erupção de vulcões.



Shenlong — Shenlong é um dragão que pode controlar os ventos e as chuvas.



Dilong — Dilong é o dragão da terra.



Tianlong — Tianlong são os dragões celestiais que puxam as carruagens dos deuses e guardam seus palácios.



Li — O Li é um dragão dos mares menor. Não tem chifres.



Jiao — O Jiao é outro dragão sem chifre que vive em pântanos. O dragão mais inferior.



Outras criaturas:

Ba She (巴蛇) — A Ba She é uma cobra conhecida por engolir elefantes.



Qilin (em japonês, Kirin) — O Qilin é um animal quimérico que traz boa sorte. Originalmente, sua aparência remete à girafa.



Long Ma (龍馬) — Long Ma é um animal semelhante ao Qilin.



Kui (夔) — Kui é um monstro mitológico semelhante a um boi com uma perna só.



Kun (鯤) — O Kun é um monstruoso peixe gigante. Diz-se que podem se transformar em aves e assim são capazes de viajar seis meses sem descanso, pois com um bater de asas, percorrem várias milhas.



Jiang Shi — Conhecidos como vampiros chineses, são corpos ressuscitados de pessoas cuja alma não conseguiu deixar o corpo e que sugam a essência vital (o Ki) de outros seres.



Luduan — Um Luduan é uma fera capaz de pressentir a verdade. Por causa desse poder, os imperadores da Dinastia Qing como Qianlong colocavam diversas figuras desses animais em seus tronos.



Yaoguai — Yaoguais são espíritos malignos e demônios. Geralmente o espírito de um animal que ganhou poderes através da prática do Taoísmo e que pretende obter a imortalidade e ser cultuado. Muitos são animais de estimação dos deuses e outros têm poder o bastante para controlar um número pequeno de outros Yaoguai. O Di Yu é local de habitação de muitos deles.



Hulijing — Hulijing são espíritos de raposa. Podem tomar forma humana e ser bons ou maus.



Nian — A Nian é uma fera que vive no fundo do mar e que vem a Terra no ano novo para devorar as pessoas, as quais tentam assustá-la dançando, estourando fogos de artifício e batendo em tambores, além de decorar tudo com vermelho, pois a fera não gosta dessa cor.



Cabeça de Boi (牛頭) e Cara de Cavalo (馬面) (牛頭馬面) — Cabeça de Boi e Cara de Cavalo são jovens mensageiros do Inferno. São as primeiras pessoas que um morto encontra após chegar ao mundo inferior. Em muitas histórias, eles escoltam o morto para o mundo inferior (aparentemente, algumas pessoas tentam fugir). No clássico conto Jornada para o Oeste, os dois são enviados para capturar Sun Wukong, mas são vencidos por ele. Depois disso, Sun Wukong vai ao mundo inferior e risca seu nome e o de seus entes da lista de pessoas vivas, obtendo, assim, a imortalidade para todos.



Pi Xie (貔貅) — Um Pi Xie ou Pixiu é uma criatura semelhante ao Rui Shi e descendente de dragões capaz de atrair boa sorte e fortuna. Tem enorme apetite por ouro e prata.



Rui Shi (瑞獅) — Rui Shi são os leões que protegem a entrada de lugares específicos, em especial, palácios, tumbas e templos imperiais. Em geral, aparecem em casais, o macho tem sob sua pata um globo e protege a propriedade e a fêmea um filhote e protege as pessoas.



Tao Tie (饕餮) — O Tao Tie uma figura mitológica semelhante à gárgula, muitas vezes encontrada em vasilhas de bronze antigas, representando a ganância. Diz-se ser o quinto filho de um dragão e tem tamanho apetite que come sua própria cabeça.



Xiao (魈) — Um Xiao é o espírito de uma montanha ou demônio.



Xiezhi (獬豸) — Um Xiezhi é uma fera de um chifre.



Xing Tian (刑天 "Punido" ou "Aquele punido pelos Céus") — Xing Tian é um gigante sem cabeça. Foi decapitado pelo Imperador Amarelo como punição por desafiá-lo. Como não tem cabeça, seu rosto fica em suas costas. Ele perambula pelos campos e estradas e é normalmente representado carregando um escudo e um machado e fazendo uma feroz dança de guerra.



Lugares mitológicos:

Xuanpu (玄圃) — Uma terra encantada na montanha Kunlun (崑崙).

Yaochi (瑤池) — Morada dos imortais onde Xiwangmu habita.

Fusang (扶桑) — Ilha mitológica, muitas vezes interpretada como o Japão.

Que Qiao (鵲橋) — A ponte formada por pássaros ao longo da Via Láctea.

Penglai (蓬萊) — O paraíso, uma ilha lendária no mar da China.

Longmen (龍門) — O portão do dragão onde uma carpa pode torna-se um dragão.

Di Yu (地獄) — O inferno chinês.



Escrita dos mitos

Em sua forma estabelecida, a maioria dos mitos conhecidos hoje é derivada de sua documentação nos seguintes textos:



Shan Hai Jing — Significando literalmente Pergaminho da Montanha e do Mar, o Shan Hai Jing descreve os mitos, a magia e a religião da China Antiga em detalhes e também documenta a geografia "do mar e da montanha", a História, a medicina, os costumes e etnias em tempos antigos. É conhecido como uma das primeiras enciclopédias da China.



Shui Jing Zhu — Significando literalmente Comentários sobre o Pergaminho da Água, este texto começou a ser escrito como um conjunto de comentários sobre o Pergaminho da Água , mas tornou-se famoso pela novidade de sua extenShiva documentação da geografia, história e lendas associadas.



Hei'an Zhuan — O Épico da Escuridão, é a única coleção de lendas em forma de poesia épica preservada por uma comunidade dos Han da China, mais precisamente, os habitantes da área montanhosa de Shennongjia em Hubei, contendo relatos que vão desde o nascimento de Pan Ku até a era histórica.



Documentos históricos imperiais e livros filosóficos como o Shangshu, o Shiji, o Liji, Lushi Chunqiu e outros.



E alguns mitos sobreviveram no teatro e literatura, como peças ou romances. A ficção vista como mantenedora destes mitos inclui:



A poesia de Estados antigos tais como Lisao de Qu Yuan do Estado Chu.

O Fengshen Yanyi (封神演義), ou Unção dos deuses, que trata da fundação da Dinastia Zhou.

A Jornada para o Oeste, de Wu Cheng'en, um relato romanceado da peregrinação de Xuanzang para a Índia, na qual os peregrinos encontram uma variedade de espíritos, monstros e demônios.

O Baishe Zhuan, um conto romântico que se passa em Hangzhou envolvendo uma cobra que toma forma humana e se apaixona por um homem.



Fontes literárias da mitologia chinesa:

Zhiguai, gênero literário que lida com eventos e histórias estranhas (a maioria sobrenatural).

Contos Estranhos de um Estúdio Chinês, escrito por Pu Songling, com muitas histórias de raposas demônio.



Documentos históricos imperiais e livros filosóficos como o Shangshu, o Shiji, o Liji, Lushi Chunqiu e outros.



Os doze animais do zodíaco

Características dos 12 Signos

De acordo com os astrólogos chineses (horóscopo Chines), as características de um indivíduo poderiam ser determinadas pelo ano, mês, hora e lugar de nascimento. A realidade de tal previsão tem somente 60% de precisão, visto que alguém pode mudar de temperamento e atitude para melhor ou pior, a medida que os anos passam. O ambiente e nossa determinação podem afetar as características. As informações seguintes poderão lhe ajudar a se conhecer e se modificar para uma vida melhor e mais bem-sucedida.

rato (ou camundongo)

boi (ou búfalo)

tigre

coelho (gato ou lebre)

dragão

serpente (ou cobra)

cavalo

cabra (carneiro ou ovelha)

macaco

galo (ou frango, originalmente em chinês)

cão

porco (ou javali)


Animais interiores e animais secretos

É um erro bastante comum acreditar que existam somente os animais singulares designados pelo ano. Estes ciclos anuais representam como os outros lhe veêm: enquanto uma pessoa pode parecer ser um Dragão ela pode realmente ser uma Serpente internamente e um Boi secretamente. Combinado com os 5 elementos, isto dá 8640 combinações (5 elementos, 12 animais, 12 meses, 12 horas do dia).



O animal interior é assinalado pelo mês de nascimento. Isto determina sua vida amorosa e personalidade interior e é crítico para uma correta compreensão de sua compatibilidade com outros signos. Isto pode ser considerado aquilo que o indivíduo gostaria de ser, ou que acredita ser seu verdadeiro eu, como segue:



janeiro (21/12 a 21/1) - boi/água

fevereiro (21/1 a 19/2) - tigre/madeira

março (19/2 a 20/3) - coelho/madeira

abril (20/3 a 20/4) - dragão/madeira

maio (20/4 a 20/5) - serpente/fogo

junho (20/5 a 21/6) - cavalo/fogo

julho (21/6 a 21/7) - carneiro/fogo

agosto (22/7 a 22/8) - macaco/metal

setembro (22/8 a 22/9) - galo/metal

outubro (23/9 a 23/10) - cão/metal

novembro (23/10 a 22/11) - porco/água

dezembro (22/11 a 21/12) - rato/água.





O animal secreto é determinado pela hora exata do nascimento e é o próprio signo verdadeiro na qual sua personalidade se baseia. É importante que seja compensado o horário de verão ou qualquer ajuste de hora realizado no seu país, visto que é mapeado de acordo com a posição do sol, e não com a hora local.

Diz-se que isto é crítico para o uso correto da astrologia chinesa. Muitas demonstrações ocidentais do zodíaco chinês omitem o fato, bem como os elementos, para que sejam consumidas e compreendidas mais facilmente.


Os meses

Os doze animais também se aplicam aos meses lunares. O mês do nascimento afeta o animal interior de uma pessoa, conforme enunciado acima.


Bibliografia

ABREU, Antonio Dantas (Seleção e apresentação). MITOLOGIA CHINESA (Mitologia primitiva) - Quatro mil anos de história através das lendas e dos mitos chineses. Landy Editora. São Paulo. 2000.

CHAY, Geraldine e HAN, Y.N. Cultura Chinesa. Editora Rocca. São Paulo. 2007.

MITOLOGIA AFRICANA





MITOLOGIA AFRICANA

África Ocidental é a porção ocidental desde aproximadamente a longitude 10° leste, com excepção do Norte de África e o Magrebe

Mitologia Akan (Gana, Costa do Marfim)

Mitologia Ashanti (Gana)

Mitologia Dahomey (Fon), Mitologia Fon

Mitologia Efik (Nigéria, Camarões)

Mitologia Igbo (Nigéria, Camarões)[1]

Mitologia Isoko (Nigéria)

Mitologia Yoruba (Nigéria, Benin)




África Oriental estende-se ao longo do Oceano Índico, do Mar Vermelho e Corno de África até Moçambique, incluindo Madagascar, mas excluindo o sul do continente.

Mitologia Akamba (East Kenya)

Mitologia Dinka (Sudão)

Mitologia Lotuko (Sudão)

Mitologia Masai (Kenya, Tanzânia)

África Central é a grande massa planáltico no centro de África;

Mitologia Bushongo (Congo)

Mitologia Bambuti (Pygmy) (Congo)

Mitologia Lugbara (Congo)




África Meridional geralmente consiste na porção sul da latitude 10° Sul, e das grandes florestas tropicais do Congo.

África do Sul

Mitologia Khoikhoi

Mitologia Lozi (Zâmbia)

Mitologia Tumbuka (Malawi)

Mitologia Zulu (África do Sul)







Nas tribos onde os dirigentes corriam o risco de serem destronados se não seguissem as vontades divinas. Estes deuses seguem padrões muito diferentes e irregulares e são divididos em deuses criadores, deuses menores e espíritos. Muitos nomes divinos são encontrados nas mitologias da África Ocidental: Ngewo, deus dos Mende de Serra Leoa, Amma dos Dogon do Mali, Mawu dos Éwés no Abomey; Olodumare ou Olorun dos Yorubás, Chukwu dos Igbo, Soko dos Nupe, Nzambi ou Zambi dos povos de Angola e Congo Bantus.













África Negra:










MITOLOGIA BANTU:




As referências dos Jinkisi/Akixi e algumas referências aos Orixás yorubá mais conhecidos, entendamos estas semelhanças como caminhos, e não como individualidades.










No Brasil os cultos que prevalecem nos candomblés Angola, Congo (com algumas variações de casa para casa ou de família para família de culto).










Pambu Njila - Nkosi - Katendê - Mutalambô - Nsumbu - Kindembu - Nzazi - Hongolo - Matamba - Ndanda Lunda - Mikaia - Nzumbá - Nkasuté Lembá – Lembarenganga.










Os mais velhos trouxeram cantigas, rezas, tudo em Quimbundo e Quicongo (algumas também em Umbundo e outros dialetos). Muita coisa se perdeu até mesmo por haver a associação com as tradições Jeje nagô, que foi em ultima instância prejudicial para as tradições bantu.










Não que estas sejam mais certas ou mais erradas, mas que cada tradição deve ser mantida e respeitada, pois faz parte da história da própria humanidade, de como nos organizamos, como desenvolvemos outros falares, de como nos organizamos como sociedade, etc. e ao que parece, tínhamos um culto primitivo comum que com as distâncias das eras e também geográficas foi se modificando e incorporando novos elementos.










Acima de tudo está Nzambi Mpungu (um dos seus títulos) Deus criador de todas as coisas. Alguns povos bantu chamam Deus de Sukula outros de Kalunga e outros nomes ainda associam-se a estes.










O Culto a Nzambi não tem forma nem altar próprio. Só em situações extremas eles rezam e invocam Nzambi, geralmente fora das aldeias, em beira de rios, embaixo de árvores, ao redor de fogueiras. Não tem representação física, pois os Bantu o concebe como o incriado, o que representa-lo seria um sacrilégio, uma vez que Ele não tem forma.










No final de todo ritual Nzambi é louvado, pois Nzambi é o princípio e o fim de tudo.










MITOLOGIA IORUBÁ:




A mitologia dos iorubás engloba toda a visão de mundo e as religiões dos iorubás, tanto na África (principalmente na Nigéria e na República do Benin) quanto no Novo Mundo, onde influenciou ou deu nascimento várias religiões, tais como a Santería em Cuba e o Candomblé no Brasil em acréscimo ao transplante das religiões trazidas da terra natal. A mitologia Iorubá é definida por Itans de Ifá.










Mito da criação




Na mitologia iorubá o deus supremo é Olorun, chamado também de Olodumare. Não aceita oferendas, pois tudo o que existe e pode ser ofertado já lhe pertence, na qualidade de criador de tudo o que existe, em todos os nove espaços do Orun.










Olorum criou o mundo, todas as águas e terras e todos os filhos das águas e do seio das terras. Criou plantas e animais de todas as cores e tamanhos. Até que ordenou que Oxalá criasse o homem.










Oxalá criou o homem a partir do ferro e depois da madeira, mas ambos eram rígidos demais. Criou o homem de pedra - era muito frio. Tentou a água, mas o ser não tomava forma definida. Tentou o fogo, mas a criatura se consumiu no próprio fogo. Fez um ser de ar que depois de pronto retornou ao que era, apenas ar. Tentou, ainda, o azeite e o vinho sem êxito.










Triste pelas suas tentativas infecundas, Oxalá sentou-se à beira do rio, de onde Nanã emergiu indagando-o sobre a sua preocupação. Oxalá fala sobre o seu insucesso. Nanã mergulha e retorna da profundeza do rio e lhe entrega lama. Mergulha novamente e lhe traz mais lama. Oxalá, então, cria o homem e percebe que ele é flexível, capaz de mover os olhos, os braços, as pernas e, então, sopra-lhe a vida.










Principais orixás




Na mitologia iorubá, Olodumare também chamado de Olorun é o Deus supremo do povo Yoruba, que criou as divindades, chamadas de orixás no Brasil e irunmole na Nigéria, para representar todos os seus domínios aqui na terra, mas não são considerados deuses, são considerados ancestrais divinizados após à morte.










Orixás




Exu, orixá guardião dos templos, casas, cidades e das pessoas, mensageiro divino dos oráculos.




Ogum, orixá do ferro, guerra, e tecnologia.




Oxóssi, orixá da caça e da fartura.




Logunedé, orixá jovem da caça e da pesca




Xangô, orixá do fogo e trovão, protetor da justiça.




Ayrà, usa cores brancas, tem profundas ligações com Oxalá.




Xapanã (Obaluaiyê/Omolu), Orixá das doenças epidérmicas e pragas.




Oxumarê, orixá da chuva e do arco-íris.




Ossaim, orixá das ervas medicinais e seus segredos curativos.




Oyá ou Iansã, orixá feminino dos ventos, relâmpagos, tempestade, e do Rio Niger




Oxum, orixá feminino dos rios, do ouro e amor.




Iemanjá ou Yemanjá, orixá feminino dos lagos, mares e fertilidade, mãe de todos os Orixás de origem yorubana.




Nanã, orixá feminino das águas das chuvas, dos pântanos e da morte, mãe de Obaluaiyê, Iroko, Oxumarê e Ewá, orixás de origem daomeana.




Yewá, orixá feminino do rio Yewa, senhora da vidência, a virgem caçadora.




Obá, orixá feminino do rio Oba, uma das esposas de Xangô juntamente com Oxum e Iansã.




Axabó, orixá feminino da família de Xangô




Ibeji, orixás gêmeos




Iroko, orixá da árvore sagrada (conhecida como gameleira branca no Brasil).




Egungun, ancestral cultuado após a morte em Casas separadas dos Orixás.




Iyami-Ajé, é a sacralização da figura materna.




Onilé, orixá relacionado ao culto da terra.




OrixaNlá (Oxalá) ou Obatalá, o mais respeitado Orixá, Pai de todos os Orixás e dos seres humanos.




Ifá ou Orunmila-Ifa, orixá da Adivinhação e do destino.




Odudua, orixá também tido como criador do mundo, pai de Oranian e dos yoruba.




Oranian, orixá filho mais novo de Odudua.




Baiani, orixá também chamado Dadá Ajaká.




Olokun, orixá divindade do mar.




Olossá, orixá dos lagos e lagoas




Oxalufon, orixá velho e sábio.




Oxaguian, orixá jovem e guerreiro.




Orixá Oko, orixá da agricultura.










MITOLOGIA KHOI (Khoikhoi)




Este artigo trata sobre a mitologia dos Khoikhoi um grupo étnico do sul da África.




De acordo com a linguística, não é muito clara a denominação deste grupo; no entanto, é provável que os princípios desta mitologia sejam comuns a todos os povos khoisan.







Personagens mitológicos

O deus supremo dos khoikhoi é Gamab, deus do céu e do destino. Do céu, ele dispara flechas contra os mortais, tirando-lhes a vida.




Tsui (ou Tsui'goab) é o deus da magia, da chuva e do trovão. Gunab é um deus maligno.




Um dos mais famosos heróis dos khoikhoi foi Heitsi-eibib (também conhecido simplesmente como Heitsi), que era a progênie de uma vaca e a relva mágica que ela comeu. Ele era um caçador, feiticeiro e guerreiro lendário, que matou de maneira notável o Ga-gorib (veja abaixo). Ele também era uma figura de vida-morte-renascimento, tendo ele mesmo morrido e ressuscitado em diversas ocasiões; seus cairns funerais são encontrados em muitas localizações na África do Sul. Ele é venerado como um deus da caça.




Ga-gorib era um monstro lendário que sentava-se num buraco profundo no chão e desafiava os passantes a jogar pedras nele. As pedras rebatiam e matavam o passante, que então caia no buraco. Heitsi-eibib distraiu Ga-gorib e acertou embaixo de sua orelha com uma pedra; ela caiu dentro do fosso. Numa versão alternativa, Heitsi-eibib foi perseguido ao redor do buraco até que escorregou e caiu dentro dele. Mais tarde ele acabou escapando e empurrou Ga-gorib no fosso.




Outro monstro é chamado de Hai-uri, uma criatura saltadora com apenas um lado do corpo (uma braço, uma perna, etc). Ele devora seres humanos. Ainda outro monstro éAigamuxa, uma criatura que mora nas dunas cujos olhos estão no peito dos pés e por isso ele precisa levantá-los no ar para ver aonde está indo.







Referências:

Encyclopedia Mythica

African Mythology

Myths, legends, beliefs and tradional stories from Africa










fonte: Wikipedia

MITOLOGIA ASTECA



MITOLOGIA ASTECA:

Os astecas foram um povo que habitou o centro-sul do México atual. Sua mitologia era rica em deuses e criaturas sobrenaturais. À maneira dos romanos, os astecas incorporavam à sua religião divindades de povos que conquistavam.

O povo asteca era politeísta, isto é, acreditavam em mais de um Deus, e algumas divindades eram elementos naturais com a água, a terra, o fogo, o vento e a lua. As divindades também eram atribuídas a coisas que lhes causavam medo.

O Mito da Criação:

Segundo um mito, no princípio, tudo era negro e morto. Os deuses se reuniram em Teotihuacán para discutir a quem caberia a missão de criar o mundo, tarefa que exigia que um deles teria que se jogar dentro de uma fogueira. O selecionado para esse sacrifício foi Tecuciztecatl. No momento fatídico, Tecuciztecatl retrocede ante o fogo; mas o segundo, um pequeno deus, humilde e pobre (usado como metáfora do povo asteca sobre suas origens), Nanahuatzin, se lança sem vacilar à fogueira, convertendo-se no Sol. Ao ver isto, o primeiro deus, sentindo coragem, decide jogar-se transformando-se na Lua.

Ainda assim, os dois astros continuam inertes e é indispensável alimentá-los para que se movam. Então outros deuses decidiram sacrificar-se e dar a "água preciosa", necessária para criar o sangue. Por isso se os homens são obrigados a recriar eternamente o sacrifício divino original.

Eles acreditavam que os deuses gostavam destes sacrifícios. Eles eram geralmente praticados com prisioneiros de guerras. Para eles era uma honra dar a vida por um deus.

Os astecas acreditavam que antes do presente existiam outros mundos: eram quatro sóis, cada um com um tipo de habitantes: gigantes, que morreram afogados; humanos que foram assomados por um grande vento, e então eles precisaram agarrar-se a árvores, transformando-se em macacos; humanos, que foram mortos em um grande incêndio; outros que foram extintos por uma chuva de sangue e fogo e nós, humanos atuais, que vamos acabar por motivo do Deus do sol que nos destruira com uma chuva de fogo e lava. Então é isso

Sacrificios:

Os Astecas assim como outras civilizações da mesoamerica capturavam pessoas de tribos, aldeias ou ate mesmo de civilizações inimigas para o sacrifício. Geralmente eles chegavam às aldeias, cidades ou tribos no meio da noite ou no amanhecer bem cedo para atacar. Eles primeiramente entram em silêncio matam os animais, entram na cabana do chefe e em seguida o matam. Depois de matar o chefe inimigo eles atacam as outras pessoa que estão dormindo ou distraídas, os que resistiram levavam golpes na cabeça para ficarem inconscientes, logo em seguida eles pegaram outras pessoas para serem capturadas. Por último eles vendiam as mulheres, homens fracos e crianças para nobres e só os com saúde e fortes iriam para sacrifício.

Representação dos deuses

Era comum a representação de Deuses através de templos e obras gigantescas. Eles acreditavam que quanto maior a obra ou o templo maior era a adoração que esse Deus considerava. Para representar os Deuses também eram criadas máscaras e objetos de cerâmica. Todo o conhecimento religioso era registrado em livros chamados de Códices, uma espécie de bíblia asteca. Os códices também continham imagens que representavam os Deuses.

HORÓSCOPO ASTECA:

O Horóscopo asteca contém 20 signos, compreendidos em 365 dias, divididos em 18 meses, com 20 dias em cada mês. São muitos signos a mais, por isso a dificuldade de conhece-los é maior.

Os signos

Os signos podem ser categorizados em três grandes grupos.(Animais, objetos e fenômenos naturais.)

Animais

Crocodilo , Lagarto, Serpente, Coelho, Veado, Cão, Macaco, Jaguar, Águia, Abutre.

Objetos

Casa, Erva, Cana, Faca, Flor.

Fenômenos Naturais

Vento, Morte, Água, Movimento, Chuva.

Características

Crocodilo - Sinceros e amigos, valorizam mais o lado social.

Lagarto - A sinceridade é a sua principal virtude.

Serpente - A sorte é aliada dessas pessoas por isso são despreocupadas.

Coelho - São pessoas que colocam a sua própria felicidade em segundo lugar.

Veado - Orgulhosos. Nunca perderem a tolerância com os demais.

Cão - São pessoas agitadas, inconstantes, com predisposição à agressividade.

Macaco - São pessoas que estão em busca de um objetivo através do mínimo esforço.

Jaguar - Voluntariosos, demoram para firmar-se em um relacionamento.

Águia - Carinhosa e delicada, preservam uma postura solitária.

Abutre - Apreciam a rotina, a vida caseira e o convívio com amigos e familiares.

Casa - Sentimentos intensos, apaixonadas, impulsivas e aventureiras.

Erva - Comunicativos, amáveis e amigos, ás vezes inseguros nas relações emocionais.

Cana - Gratidão é a sua melhor qualidade.

Faca - Valorizam as conquistas da vida, apoio dos que o cercam.

Flor - Sensíveis, bom gosto, guardam sentimentos mais íntimos para si.

Vento - Podem dar a impressão de serem rudes e grosseiros, tal o grau de sua sensibilidade.

Morte - São admiráveis, temidos e incompreendidos por sua altivez descontrolada.

Água - carismática e dinâmica. De humor variável, dificulta o convívio em grupo.

Movimento - profissional ou emocionalmente, sempre à procura de novas propostas.

Chuva - Inteligentes e perspicazes, as conquistas profissionais são uma constante.

https://sites.google.com/site/osgrandesmisterios/mi/mitologia-asteca

terça-feira, 13 de maio de 2014

Nue

Nue



O Nue (鵺), é uma criatura lendária encontrada no folclore japonês. Ela tem a cabeça de um macaco, o corpo de um tanuki, as patas de um tigre e uma cobra no lugar da cauda. Existe outra descrição onde lhe atribuíram asas. Talvez porque em algumas lendas dizem que seus gritos são comparados aos guinchos de uma ave, ou até mesmo pelo fato de que as lendas narradas sobre essa criatura, são em sua maioria descritas que a besta surge sempre dos os céus, voando entre nuvens nebulosas para atacar suas vítimas.

Em outros relatos, dizem que seus gemidos parecem os de sapos da montanha. No entanto, suas lendas mais comuns, descrevem seus gritos como os urros de um tigre. Sua lenda é associada ao medo de dormir, por ser de uma natureza má, ele gosta de atormentar as pessoas antes destas dormirem e caírem no sono. Dizem também que Nue é capaz de causar pesadelos e levar os seres humanos a doenças inexplicáveis, chegando até mesmo a morte.





O Nue é uma criatura que ganhou lendas variadas dependendo da região onde sua história era contada. Sua mais recente menção foi no mangá/anime Amatsuki, onde o personagem principal, Tokidoki é atacado por um Nue logo após cruzar a ponte que o levava ao período do Bakumatsu.

A lenda mais popular envolvendo Nue, data no século XII:

"Por muitas noites o Imperador Konoe não conseguia dormir devido a terríveis barulhos que pareciam vir do telhado de seu palácio Imperial. Eram sons que pareciam arranhões de garras seguidos de grunhidos de fera, como que vindos de uma criatura demoníaca. Começou a ter terríveis pesadelos, a ponto de ficar doente. Preocupados com a saúde de seu Imperador, seus serviçais tomaram coragem e resolveram ficar de guarda a espera de conseguirem afugentar a temível criatura.

Chegado à noite, avistaram ao longe, uma nuvem negra indo em direção ao palácio. Quando a nuvem pairou sobre a ala leste chamada “Violeta da estrela da noite” onde ficavam os aposentos do Imperador, seus serviçais assustaram-se com o que viram “Uma criatura apavorante com garras afiadas com um profundo olhar maligno”, aterrorizados, saíram correndo.

Temerosos por seu Imperador piorar a cada dia que passava, resolveram chamar o intrépido guerreiro Samurai e poeta Minamoto-no-Yorimasa que viveu entre os anos 1106 à 1180. O valente guerreiro vestiu sua armadura, armou-se com sua espada sem esquecer do seu arco e flechas. Acompanhado de dois guerreiros, Yorimasa escondeu-se entre os arbustos e esperou a noite chegar.


Depois de uma silenciosa espera, chegado a hora do boi (termo usado no Japão para um determinado horário), fortes ventos chegaram trazendo uma nuvem negra e densa acompanhada de trovões por todos os lados, pairou sobre o telhado onde estava o Imperador. Yorimasu conseguiu avistar dos arbustos, dois olhos reluzentes no fundo das nuvens. Não hesitou em pegar seu arco para atirar uma flecha certeira entre os olhos da besta. Um urro agonizante ouviu-se seguido de um baque surdo da criatura caindo no chão. Imediatamente os dois guerreiros que acompanharam Yorimasu, correram em direção à fera e a golpearam com suas espadas até que os grunhidos cessassem.

Assim que conseguiram enxergar melhor a criatura, viram que tinha uma aparência aterradora. Seu rosto era de macaco, seu corpo tão grande como o de um cavalo, coberto de pelos em seu dorso, membros e garras que lembravam um grande tigre, suas asas eram de pássaro e tinha a calda de uma serpente. Todos ficaram estarrecidos ao lembrar que havia uma lenda sobre “Nue” uma criatura oriunda do Extremo Oriente (China). Yorimasu, enojado com a visão aquela criatura repulsiva, pegou o corpo da besta em seus braços e o jogou no mar do Japão."

Existe uma seqüela da lenda de Nue e o Imperador Konoe:

Dizem que o corpo de Nue foi visto flutuando na enseada e os moradores temendo uma maldição, enterraram a besta em um monte acima da praia. Dizem que esse monte onde Nue está enterrado, pode ser visto até hoje. O local virou ponto turístico, onde dizem que a “Besta Fera Nue” assombra o lugar até os dias atuais.

O Gigante Mimir

Mimir



Mimir era, na mitologia nórdica, um gigante que foi considerado o membro mais sábio dentre o grupo de deuses conhecidos como Aesir. Serviu como o guardião da Mimisbrunnr, o poço do conhecimento localizada na base da árvore-mundo Yggdrasill.

Ao final da guerra entre os Aesir e os Vanir, os deuses firmaram uma trégua, que seria selada com a troca de lideres entre os dois clãs, onde Mimir e o irmão de Odin, Hoenir, foram entregues aos Vanir. Hoenir era tido como um líder nato, porém sempre consultava o sábio Mimir antes de tomar qualquer decisão. Os Vanir sentiram-se enganados pelos Aesir, e enfurecidos, acabaram cortando a cabeça de Mimir e enviando-a de volta para Odin, o pai dos deuses. Odin embalsamou a cabeça de Mimir e a colocou na fonte de Yggdrasil. Utilizando seus conhecimentos rúnicos, Odin conseguiu fazer com que a cabeça falasse e dessa forma passou a utilizar a cabeça como meio de adquirir mais sabedoria.
O poço do conhecimento surgiu a partir do local onde a cabeça de Mimir foi mantida. Buscando sabedoria, Odin cavalgou até o poço para beber de suas águas. No entanto, Mimir lhe permitiu fazê-lo apenas depois de Odin deixar um de seus olhos no poço. A partir de então, quando Odin queria aprender os segredos do bem, ele fazia perguntas à cabeça de Mimir, que lhe dava as respostas que almejava.
Hoenir e Mimir parecem ser a representação dos poderes cognitivos de Odin. O nome Hoenir deriva-se de hugr, e Mimir de minni e eram raízes para os nomes Huginn e Muninn, nome dos corvos de Odin, que eram a representação dos poderes cognitivos do deus. Portanto dizem ser Mimir a memória de Odin, e a consulta a sua cabeça pelo deus simboliza o acesso ao conhecimento oculto, vedado aos novatos e permitidos aos iniciados da tradição.





fonte:
http://portal-dos-mitos.blogspot.com.br/2013_07_01_archive.html
http://www.espiraistempo.com.br/2012/07/mitologia-nordica-o-mito-de-mimir-o.html

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Anansi







Anansi, a aranha, também conhecida por Ananse, Kwaku Ananse ou Anancy é um dos animais trapaceiros mais populares da mitologia do Oeste Africano. Criaturas como ela são figuras perniciosas que muitas vezes se opõem à vontade dos deuses, resultando em algum tipo de infortúnio para os seres humanos. Assim como muitas outras criaturas trapaceiras, o astuto Anansi pode mudar sua aparência para se parecer com um ser humano, um coelho, uma raposa, ou outros animais.


Os oeste-africanos consideravam Anansi originalmente como o ser o criador do mundo. Ele sempre agiu como um intermediário entre os seres humanos em suas relações com o deus do céu Nyame, e ele supostamente persuadiu Nyame para dar a chuva e a noite para as pessoas. Na maioria das histórias, no entanto, Anansi é um malandro esperto e ardiloso que torna a vida mais agradável para si mesmo (ou mais difícil para os outros) enganando humanos, outros animais, e até mesmo os próprios deuses, muitas vezes usando sua inteligência e conhecimento da forma de pensar de suas vítimas para enganá-las e alcançar seu objetivo.


Em um conto bem conhecido, Anansi pede a Deus uma espiga de milho e promete retribuir com 100 servos. Ele leva a espiga de milho para uma aldeia e diz ao povo que ela é sagrada. Durante a noite, Anansi alimenta os frangos com o milho. Na manhã seguinte, ele acusa os moradores de roubar o milho, e eles dão-lhe um alqueire de espigas para compensar a que foi perdida.


Em seguida, Anansi encontra um homem na estrada e troca o milho por um frango. Ele visita a outra aldeia e diz ao povo que o frango é sagrado. Naquela noite, ele mata o frango, e na manhã seguinte os moradores assustados dão-lhe 10 ovelhas para substituí-lo. Anansi posteriormente troca as ovelhas por um cadáver, que leva a uma terceira aldeia e conta as pessoas que ele é o filho de Deus que dorme. Como os moradores não podem acordar o corpo na manhã seguinte, Anansi diz que eles mataram o filho de Deus. Os moradores aterrorizados oferecem-lhe 100 de seus melhores jovens, e Anansi leva-os a Deus para cumprir sua parte do trato.





Anansi, o mestre das histórias

Existia uma época onde não haviam histórias do mundo. O deus do céu, Nyame, tinha todas elas. Anansi foi até Nyame e perguntou-lhe quanto lhe custaria para adquiri-lás.


Nyame riu de Anansi e definiu um preço alto: Anansi deve trazer de volta Onini - a Python, Osebo - o Leopardo, as vespas Mmoboro, e Mmoatia, a fada.

Ele pensava que com isso, faria Anansi desistir da idéia, mas ele apenas respondeu:



- Pagarei seu preço com prazer!


Novamente o Deus do Céu riu muito e falou:



- Ora Anansi, como pode um velho fraco como você, tão pequeno, tão pequeno, pagar o meu preço?


Mas Anansi nada respondeu, apenas desceu por sua teia de prata que ia do Céu até o chão para pegar as coisas que o Deus exigia.



Anansi então definiu como iria capturá-los. Primeiro ele foi até onde Python vivia e perguntou em voz alta se Python era relmente mais longoou não do que o ramo de palmeira, como sua esposa Aso dizia. Python ouviu e concordou em deitar-se ao longo do ramo de palmeira para prová-lo. Como ele não pode tornar-se completamente reto, uma verdadeira impressão de seu comprimento real era difícil de obter, então Python concordou em ser amarrar ao redor do ramo. Quando ele estava completamente amarrado, Anansi o levou para Nyame.
Para pegar o leopardo, Anansi cavou um buraco profundo no chão. Quando o leopardo caiu no buraco Anansi se ofereceu para ajudá-lo com suas teias. Uma vez que o leopardo conseguiu deixar o buraco, ele ficou preso nas teias de Anansi e foi levado também a Nyame.

Para pegar as vespas, Anansi encheu uma cabaça com água e derramou um pouco sobre uma folha de bananeira que manteve sobre a sua cabeça. Derramou também um pocuo de água sobre o ninho e gritou que estava chovendo. Ele sugeriu que as vespas entrassem na cabaça vazia, e quando elas entraram, ele rapidamente selou a abertura.

Para pegar a fada, Anansi fez uma boneca e cobriu-a com uma goma pegajosa. Ele colocou a boneca debaixo da árvore odum onde as fadas costumavam e colocar um pouco de inhame em uma tigela em frente a ela. Quando o anão veio e comeu o inhame ele agradeceu a boneca que, naturalmente, não respondeu. Aborrecido por seus maus modos que ela tinha atingiu, primeiro com uma mão depois a outra. As mãos ficaram presas e Anansi a capturou.

Anansi entregou seus cativos até Nyame, que o recompensou com as histórias, que agora se tornaram conhecidas como as histórias de Anansi ou Anansesem.



O contexto do caráter de Anansi




Embora a origem do personagem Anansi seja obscura, ele parece ter vindo da tribo Ashanti, situada em Gana, na África Ocidental. A popularidade do personagem rapidamente se espalhou para outras tribos no bairro, incluindo o Nzema e o Akyem.


Muitas das suas histórias foram levadas para as Índias Ocidentais, América do Sul e América do Norte por escravos africanos nos séculos anteriores. Em algumas partes da América do Norte, Anansi se tornou conhecida como Tia Nancy ou senhorita Nancy.


Malandros são frequentemente populares em segmentos mais frágeis da sociedade, porque eles usam sua inteligência e astúcia para sobreviver a condições adversas. Eles usam a esperteza e o engano em oposição a força ou inteligência, que muitas vezes não possuem. A popularidade dos contos de Anansi entre escravos africano-americanos foi em parte devido ao papel do malandro como um sobrevivente.



Anansi, como um dos mais populares personagens da mitologia Africano, é muitas vezes caracterizado em contos populares e histórias infantis.


Ele desempenha um papel central na ficção Neil Gaiman Anansi Boys (2005), um romance de fantasia contemporânea sobre um homem que descobre que seu falecido pai foi Anansi e que seu irmão veio a herdar seus poderes especiais.

http://portal-dos-mitos.blogspot.com.br/2013/01/anansi.html

Panteão Brasileiro

São várias as entidades adoradas por nossos índios, e são úteis para os que seguem a magia tradicional e preferem uma regionalização, segue abaixo algumas lendas:

ALAMOA - duende feminino da Ilha de Fernando de Noronha.

Mora no Pico e vaga pelas suas redondezas, observando tudo que acontece na ilha. Segundo o mito, às sextas-feiras a pedra do Pico se fende e ela aparece na forma de uma forte luz ou um fogo-fátuo. Protetora da vida silvestre, ela aparece para os pescadores exagerados e os caçadores por esporte na forma de uma mulher linda e nua, mas quando eles se aproximam, transforma-se em um esqueleto, enlouquecendo-os.





Os antigos detentos do presídio da ilha de Fernando de Noronha contavam que nas vésperas de tempestades, quase sempre à meia-noite, aparecia na praia uma mulher lindíssima, muito alta, com longos cabelos louros e completamente nua, dançando ao som do bater das ondas, iluminada pelos relâmpagos. Seus pés pareciam não tocar no chão e sim flutuar na areia. Era a alamoa, feminino de alamão (alemão), pois conforme a interpretação popular, mulher loura naquelas paragens só poderia ser alemã.

Sua forma varia.


Algumas vezes ela é uma forma luminosa, multicolorida, outras vezes, atrai os homens e os seduz. Aqueles que sucumbem a seus encantos veem-na se transformar em um esqueleto. Para alguns, é uma alma penada, à procura de um homem forte que a ajude a desenterrar um tesouro escondido.

A pedra do Pico é a sua morada. Em algumas noites, a pedra se fende, abrindo-se uma porta, por onde sai uma luz. A bela alamoa baila, atraindo sua vítima. Aqueles que entram em sua morada, logo constatam com horror a terrível transformação. Seus belos e brilhantes olhos transformam-se em dois buracos e ela vira uma caveira horripilante. Então, a fenda se fecha e o pobre homem nunca mais é visto. Seus gritos de pavor, no entanto, ainda ressoam no local durante muitos dias.

É caracterizada como uma convergência de várias lendas de sereias e iaras. O tema da mulher sobrenatural que atrai e seduz os homens, transformando-se a seguir, é comum e recorrente no imaginário popular, sendo, por isso, impossível determinar sua origem com precisão.









AMANA-MANHA - Deusa-Mãe da Chuva e protetora das nascentes. Tem a forma de uma rã e pode-se ouvi-la cantar quando chove. Mora na cabeceira do Rio Negro.






AMAO - Espírito do Rio Negro. Ensinou os indígenas Camanaos o processo de fazer beiju, farinha de mandioca, farinha de tapioca e várias outras coisas.





Personagem divina que ensinou aos indígenas camanaos, do rio Negro, Amazonas, o processo de fazer beiju, farinha de mandioca, farinha de tapioca e várias outras coisas. Depois desapareceu para sempre.

Brandão de Amorim ouviu a lenda:

“No princípio do mundo, contam, apareceu entre outras criaturas uma moça bonita. Não sabia de homem, seu nome era Amao. Uma tarde Amao foi para a beira do rio, aí se sentou. No mesmo momento passou por junto dela porção de peixe, a pele deles, contam, brilhava de verdade. Ela meteu a mão no rio, pegou um peixe. O peixe fez-se forte na mão dela, pulou direto na sua concha, furou-a, depois tornou a saltar para o rio. Desde aí sua barbinha foi crescendo, quando chegou madureza de sua lua, ela teve um menino.

A criança já tinha duas luas, quando a mãe dele foi pescar de puçá peixinho na cabeça da correnteza. O menino ela deixou deitado em cima da pedra. Já era meio-dia, Amao saiu, foi ver o menino, encontrou-o já morto.


Carregou seu corpo que foi, chorou durante a noite; quando o sol apareceu, o menino falou deste modo:


Minha mãe repara como os animais e pássaros estão rindo de nós. Eles mesmos me espantaram para eu morrer. Agora, para eles não escarnecerem de ti, defuma-os com resina para virarem pedra. Assim somente ele falou.

Já com à tarde, Amao enterrou seu filho, à meia-noite virou pedra todos os animais. De manhã, contam, cururu, cujubim, pássaro-pajé, lontra, estavam já de pedra. Cobra-grande, raia, taiaçu, tapir somente não viraram de pedra porque foram comer para a cabeceira. Amao voou logo para a cabeceira, passou em cima duma pedra grande, aí encontrou taiaçu e tapir dormindo. Amao surrou primeiro no tapir, depois surrou no taiaçu, morreram ambos. Depois retalhou o tapir, o taiaçu, jogou carne deles no rio, deixou somente uma coxa de tapir, outra do taiaçu em cima da pedra; aí as virou pedra. Como cobra-grande e raia ainda estavam comendo no fundo d’água, ela fez um laço na beira do rio para agarrá-las. Já noite grande ouviu uma coisa batendo no laço, foi ver, encontrou a cobra-grande com a raia. Jogou nelas com resina, viraram de pedra imediatamente.

Depois voltou para ensinar todos os trabalhos à gente da terra dela.


Sentou um forno, mostrou como a gente faz beiju, farinha, farinha de tapioca, porção de coisas. Depois de ensinar tudo, Amao sumiu-se desta terra, ninguém sabe para onde!”









TXUNÔ - Deusa Caxinauá com forma de andorinha. Leva os mortos para junto de seus antepassados.

Entre os indígenas caxinauás, de raça pano, no Acre, há uma lenda da txunô, andorinha, conhecida literalmente em todo o Brasil.

“Um menino, ba-kö, divertia-se na roça, perseguindo uma andorinha e conseguiu agarrá-la. A txunô disse que não a matasse que ela o levaria para o céu onde viviam todos os antepassados do menino. O ba-kö aceitou, e a andorinha mandou-o segurar-se às suas penas e subiu. Entrou para o céu, encontrando o irmão de seu pai, sobrinhos, amigos.


Contou sua história a um tio e este lhe mostrou legumes, casas bonitas e o chão coberto de areia branca e fina. Lá de cima veem tudo. O tio do menino fez comida e o ba-kö comeu e satisfez-se. E ficou vivendo no céu.









ANGOERA - Espírito dos Pampas, tem a forma de uma língua de fogo e vagueia pelos pampas protegendo a vida silvestre.









ANHANGA - Deus da Caça no campo; protege os animais terrestres contra os caçadores que querem abusar da caça, matando desnecessariamente.


Pode assumir formas diversas e, por isso, também tem vários nomes:


Mira-nhanga = espírito de humano;


tatu-anhanga = espírito de tatu;


suaçu-anhanga = espírito de veado;


tapira-anhanga = espírito de boi.


Segundo os mitos tupis, a visão de um anhangá é prenúncio de alguma desgraça para os caçadores; no mínimo, um aviso de que estão exagerando e devem sair da mata. Também protege as plantas, das quais os animais dependem.









ARAÇI - Deusa-Mãe do dia. Tem a forma de uma cigarra. Também chamada de Aramanha ou Daridari. Na mais longínqua e remota antiguidade, Itaquê, o mortal, amou a imortal Deusa Lua Jaci.


Dessa união, nasceu Araci, que ao morrer, foi elevada aos céus por sua mãe, tornando-se a ninfa das manhãs e da aurora.













ARU - Filho de Amana-Manha, também tem a forma de um sapo, que vive em clareiras do mato e em roçados. Em noites de chuva, Aru transforma-se em um rapaz e, pegando uma canoa, vai buscar sua Mãe na cabeceira do Rio Negro para visitar as roças e fazer com que elas prosperem.









BIATATÁ - Deusa do Mar, com forma de uma cobra-de-fogo aparece sobre a água apenas de noite.







BOITATÁ - Deus das águas doces, na forma de uma cobra-de-fogo. Vive nas praias de mar e de rio. Protege os campos contra incêndios. Às vezes se transforma num madeiro grosso em brasa, chamado méuan, para atacar aqueles que põem fogo nos campos inutilmente.


Também conhecido como "fogo que corre", o boitatá, no folclore brasileiro, é uma grande cobra de fogo.


No Norte e Nordeste, de acordo com a lenda, o boitatá protege as matas e florestas das pessoas que provocam queimadas. O boitatá vive dentro dos rios e lagos e sai de seu "habitat" para queimar as pessoas que praticam incêndios nas matas.


De acordo com esta lenda, o boitatá possui a capacidade de se transformar num tronco de fogo.









BOIUNA - Deus das Matas, com a forma de uma grande cobra preta, de olhos luminosos. Às vezes assumem a forma de um vapor para vagar sobre as águas dos rios, lagos e igarapés.

Contam que uma moça ficou grávida escondeu a gravidez de seus familiares. No dia do parto, quando estava sentindo dores, disse aos pais que iria lavar roupa no Pirucaba (embaixo da ponte do Rio Itacaiúnas). Chegando lá, teve a criança e jogou-a no rio. A menina não morreu. Encantada, transformou-se numa cobra enorme. Após muito tempo uma cobra enorme, a Boiuna costumava aparecer aos pescadores em seus sonhos em forma de uma bela moça.


E ela contava a sua triste estória: Havia se transformado em uma cobra e que para desencantá-la era necessário que despejassem leite materno em sua boca e também deveriam cortar um pedaço de seu rabo e assim o encantamento terminaria. Mas ela nunca foi desencantada, pois quando algum pescador se propunha a tal façanha, vinha aquele banzeiro enorme ou mesmo quando viam a Boiuna, corriam com medo e nem se lembravam de que ao desencantar a Boiuna se tornariam ricos para o resto de suas vidas. E pescadores afirmam que na época da construção da Ponte do rio Tocantins ela também já aparecerá várias vezes. Dizem que até hoje a Boiuna mora no poção do inflamável.

Os índios não registram culto à cobra, mas ela não deixa de existir como personagem em suas narrativas lendárias. Para o caboclo, o encanto da Cobra Grande se manifesta na contemplação da natureza do rio, distanciada do cotidiano através do imaginário; é quando a Boiuna (mboi = cobra, una = preta) surge, causando medo, fascínio e influenciando as populações ribeirinhas, ora encarnada num grande barco iluminado, na lenda do navio transatlântico, ou através de inúmeras outras narrativas, como a da lenda que explica o surgimento da noite e outras coisas.

Segundo essa lenda, antes da noite existir, Moiaçu, filha da Cobra Grande, se casa e recebe do pai um caroço de tucumã (fruto da palmeira Astrocarium Tucuman) contendo a noite dentro dele. Outra lenda diz que uma linda índia cunhãmporanga, princesa da tribo, ao apaixonar-se pelo Rio Branco, foi transformada numa imensa cobra chamada Boiuna, pelo enciumado Muiraquitã.

A Boiuna é tida na região como protetora daquele rio, ajudando os pescadores e punindo aqueles que prendam suas águas.









CAAMANHA - Deusa-Mãe da Mata. Protetora dos vegetais e animais.


Coloca gravetos envenenados na cama ou rede dos lenhadores para que fiquem

entorpecidos e sejam comidos pelos animais. Ela que protege as florestas e os animais silvestres, e pune, portanto, os desmatamentos, as queimadas, e as violências contra a Natureza.









CAAPORA - Espírito da Floresta, também chamado de Caipora ou Curupira. Tem os pés virados para trás para que ninguém possa seguir seu rastro.

Mora em troncos de velhas árvores. Protetor da mata e dos animais. Tem cabelos arrepiados e verdes, olhos em brasa e, às vezes, cavalga um caititu (porco-do-mato) agitando um galho de japecanga. Tem o poder de ressuscitar os animais mortos sem sua permissão, apavorando os caçadores.

A lenda da Caipora é bastante evidenciada em todo o Brasil. Sua presença vem desde os indígenas, é deles que surgiu este mito. Segundo muitas tribos, principalmente as do Tronco Linguístico Tupi-Guarani, a Caipora era um Deus que possuía como função e dom o Controle e Guarda das Florestas, e tudo que existia nela.Com o contato com outras civilizações não-indígenas, esta divindade foi bastante modificada quanto a sua interpretação, passando a ser vista como uma criatura maligna.

A Caipora apronta toda sorte de ciladas para o caçador, sobretudo aquele que abate animais além de suas necessidades. Afugenta as presas, espanca os cães farejadores, e desorienta o caçador simulando os ruídos dos animais da mata. Assobia, estala os galhos e assim dá falsas pistas fazendo com que ele se perca no meio do mato. Mas, de acordo com a crença popular. É, sobretudo nas sextas-feiras, nos domingos e dias santos, quando não se deve sair para a caça, que a sua atividade se intensifica. Mas há um meio de driblá-lo. A Caipora aprecia o fumo.


Assim, reza o costume que, antes de sair para caçar no mato, na noite de quinta-feira deve-se deixar fumo de corda no tronco de uma árvore e dizer: “Toma, Caipora, deixa-me ir embora”.


A boa sorte de um caçador é atribuída também aos presentes que ele oferece. Assim, por sua vez, os homens encontram um meio de conseguir seduzir a caipora.


Mas fracasso na empreitada é atribuído aos ardis da entidade.









CAPELOBO - Animal fantástico, com corpo humano, focinho de anta ou de tamanduá e pé em forma de um fundo de garrafa. Sai à noite para rondar os acampamentos e barracões, com gritos.

Também conhecido como cupelobo, este animal fantástico é fruto de uma crença que sobrevive a longo tempo nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, sendo geralmente descrito como sendo uma criatura com corpo humano e focinho de anta, ou tamanduá. Sua forma costumeira de buscar comida é a caçada feita à noite, quando procura os acampamentos e barracões situados no interior dos estados do Maranhão e do Pará, região onde vive, em busca de cães e gatos recém-nascidos com os quais possa se alimentar.

A lenda garante que o capelobo não se intimida diante de um bicho maior que ele, pois sempre consegue dominá-lo com facilidade, para depois lhe cortar o pescoço e beber o seu sangue. Sua presença nas proximidades de qualquer moradia isolada pode ser percebida com facilidade até mesmo por pessoas menos observadoras, pois além de seus pés com formato de fundo de garrafa deixarem rastros perfeitamente reconhecíveis a um simples olhar, ele também costuma soltar um grito medonho que é diferente de todos os outros gritos conhecidos. Os índios o identificam como lobisomem que só pode ser morto com um tiro dado na região do seu umbigo.

Alguns folcloristas sustentam a versão de que os indígenas da região do Xingu acreditam na transformação de certos irmãos seus em capelobos, embora admitam que sobre esse processo de modificação não existem informações que possam esclarecê-lo de forma satisfatória. Um outro relato garante que nas regiões de mata do Maranhão, principalmente na do rio Pindaré, que nasce nos contrafortes da serra da Desordem, existe um bicho feio e feroz conhecido como cupelobo, o que é sustentado pela descrição de que um índio timbira que andara caçando por aquelas paragens chegara a ver um deles, ouvindo seu grito medonho e depois percebendo suas pegadas redondas nas trilhas da floresta.

De acordo com a lenda criada a respeito desse animal misterioso e estranho, ele tem corpo de homem, mas seu focinho é igual ao de um tamanduá por uma razão assustadora: ao encontrar alguém andando desprevenido pela selva, ele o abraça com seus braços fortes, perfura-lhe o crânio na parte mais alta, introduz a ponta de seu focinho nesse orifício e sorve gulosamente toda a massa encefálica do infeliz. Depois abandona no local o corpo da pobre vítima, para que outros animais possam se servir dele. Uma outra versão o apresenta com aparência que lembra a marmota em formato de gente, com mais ou menos dois metros de altura e somente um olho no meio da testa. Peludo e muito feio, tem o costume de perambular pelas várzeas, e não obstante o medo que inspira às pessoas, jamais se ouviu falar que causado mal a alguém.

O jornalista Pádua Carvalho, ao escrever sobre o assunto, cita que no Pará é conhecido pelo nome de ‘kumacanga’, e que tanto pode ser o sétimo filho varão, oriundo de conúbio sacrílego, quanto à concubina de padre. Pelas noites de sexta-feira, o corpo fica em casa, despojado da cabeça, a qual sai pelos ares, transformada em bola de fogo. Assim, o mito da curacanga do Maranhão é o mesmo que o do Pará, divergindo apenas no nome, quanto a uma consoante. Viriato Correia, num dos seus livros de contos, dá à ‘mula-sem-cabeça’ a apelação de ‘cavalacanga’, que ouviu entre os habitantes do interior maranhense.

Outra versão diz que a lenda é muito comum na região dos rios do Pará e Maranhão, e que o nome Capelobo é uma fusão da palavra indígena ‘cape”, que significa osso quebrado, torto ou aleijado, com lobo.


Segundo essa descrição, a criatura pode aparecer como uma anta de cabelos longos, de tamanho maior que as comuns, mais veloz que elas e com focinho semelhante ao de um cão ou porco.


Ou então com aparência de homem, mas com corpo arredondado e focinho de tamanduá.









CARUANAS - Espíritos das Águas, protetores da saúde dos que o invocam. São energias encantadas que regem as forças das matas amazônicas. Podem assumir forma humana ou animal são os guardiões dos mananciais.










CARUARA - Duende amazônico, com forma de bicho-de-pau. Protege seus invocadores contra feitiços, mau-olhado, quebranto e reumatismo… mas também pode causar tudo isso, se aborrecido.


CAVALO DO RIO - Protetor do Rio São Francisco, persegue os pescadores predatórios, afundando suas barcas. Quando anda pelas margens do rio,

ninguém o vê, mas ouvem seus passos. Em noite de Lua Cheia, reflete sua luz, tornando sua silhueta mais visível (porém, só na forma de um vulto).





CEUCI - Deusa-Mãe das Estrelas, mãe virgem de Jurupari. A origem desta lenda se dá do cerro das 7 estrelas ou plêiades, em que os naturais tupis indicavam o nome de variável de: Cincy, Cincê, Cucê. Com este ingênuo nome, Ceuci filha de Tupã e de Luaci.

Luaci que era conhecida como mãe do céu abaixo do sol, onde morava na espuma de uma nuvem e ao navegar no espaço aproveitava-se do sono desta menina caraíba para incorporar-se nela expulsando a alma, que desde então a seguiu como uma sombra impertinente, queria a todo transe voltar ao corpo e dormindo ela, esta selvagem menina recebeu o espírito divino, tornando-a assim a cunha aporanga e mais ladina da tribo, seus encantos no dia a dia aumentavam cada vez mais, adquirindo poder de amainar as feras e acalmar os ventos. Certo dia quando passeava pelo mato, uma lua antes de sua carimã (festa da puberdade das donzelas), deixou-se tentar por frutos maduros e sedosos de doçura que eram vedados aos desejos das impúberes, o sumo escorrendo-lhe pelos seus seios abaixo despertou a fecundação, os caraíbas ficaram revoltados, embora ela continuasse a garantir que era virgem e não fora visitada pelo “Yaciteiú”, mas o conselho da tribo e o alto da “Aharaigichi” exigiam que o conselho dos velhos se reunisse regido pelo Pajé-assú com a eminência de resolver o caso. Ceuci risonha e tranqüila resolveu aparecer, porém suspeitando da mácula gritasse na gravidez. E os maracás soaram no ar desfazendo os indícios e festejando a virgindade intacta. Porém, os maiorais para dar exemplos cunhãns desprevenidas, resolveram desenterrar Ceuci para elevadíssimas. Itacangas da cerra do “Cunakê”. E assim foi no exílio, sem culpa, castigada, mas inocente, Ceuci veio dar a luz a Jurupari, o reformador, o profeta, o silencioso, dos caiuras, inflexível como um juramento e eterno como símbolo. Aos 10 anos de idade já assombrava aos seus, pela força de argumentos e mostrando uma experiência e sabedoria, os mais valentes guerreiros da redondeza vinham ouvi-lo silenciosamente, pois ele revelava e ditava a lei da agricultura e foi espalhando as suas lições na montanha de Cunakê. Despeitado com Tupã, Anhangá não tardou pela curiosidade e aproximou-se da serra conduzindo em sua companhia a linda e bela Ceuci que foi arrastada pelo desejo de assistir a Poracé (festa) em honra de Jurupari, porém aconteceu que Anhangá empregando as suas artes tortuosas conseguiu induzir Ceuci transportando um terreno que não era permitido a curiosidade feminina. Desta forma violou o recinto privativo a mãe de Jurupari que condenava ao sacrifício certo.


Celebrando assim os Pagé-assús chamaram a noite do rito: Ceuci, Tieté, Unandú!


E um corpo de mulher caiu ao solo fulminando.

Mandaram então buscar Jurupari afim de ressuscitá-la, mas o nosso herói, inflexível não transgride a lei, mesmo que seja uma pessoa especial como Ceuci: “Morreste ó mãe, porque desobedeceste a lei de Tupã, esta lei que eu ensino, agora podes subir radiante, pura e bela aos braços de meu pai”.


O corpo de Ceuci enchendo-se de uma figuração estranha acendeu iluminado, atravessou o espaço e fez-se estrela e ela tornou-se a mais formosa das plêiades, transformou-se para exemplificar o respeito que devia inspirar aos selvagens, as leis dos Tupis.







Ceuci_Mãe dos Tupis, dos caraíbas e Anãmas, é uma deusa morta, porque nunca mais veio à terra, de grande prestígio na mitologia da América do Sul.






É ela quem do luaca, distribuiu a sorte às “Tainaetas” (enlevo dos lares das florestas).

Na astronomia das tribos sul-americanas, Ceuci também é conhecida por Ciucy e Celchu, chamada vulgarmente a Constelação das Plêiades.









CHIBAMBA - Espírito das Bananeiras ronca como um porco e gosta de dançar. Fantasma do ciclo das assombrações criadas para assustar crianças, para fazer parte dos seus pesadelos noturnos. É do sul de Minas Gerais. Amedronta as crianças que choram as teimosas e as malcriadas. Anda envolto em longa esteira de folhas de bananeira, ronca como se fosse um porco e dança de forma compassada enquanto caminha; às vezes gira.





O nome é um vocábulo africano, Bantu na verdade, e teria como significado uma espécie de canto ou dança africana à exemplo do Lundu (Espécie de dança nativa africana).

Na Ásia, entre os antepassados dos Laos, da Indochina francesa, chamados de Pu Nhiê, há uma dança. Os Pu Nhiê, em certa época, vestindo folhas e peles, surgem com máscaras de monstros excêntricos. E Dançam lentos, compassados, dando giros misteriosos, ao som de tambores.

A dança grave, em giro, é bem africana e de finalidade religiosa. As outras, coletivas, festivas, em ritmo mais agitado, são rituais de pesca e caça. O Chibamba é um remanescente dos rituais negros da África, que se transformou em Cuca, ou Negro Velho, e se tornou encarregado de fazer dormir à força as crianças. O fato de "roncar como um porco" é uma adaptação brasileira.


Chibamba, pelo nome e maior influência negra que indígena em Minas Gerais, é africano. Ali ele vive, fazendo as crianças dormirem, mesmo quando não estão com vontade.

Há uma quadrinha que diz: Êvém o Chibamba, neném, ele papa minino, cala a boca!...

O Chibamba vestido de folhas de bananeira e dançando lembra a África de onde o nome é originário. Em Angola e Congo ainda os negros, em suas tradições festivas e folclóricas, dançam vestindo elaboradas roupas feitas de folhas, ramos e galhinhos de plantas locais.

De fato, os nativos africanos se vestiam com folhas e usavam máscaras assustadoras nos seus rituais de pesca, caça e mesmo religiosos. Sua chegada ao Brasil mineiro, em seus terreiros festivos, onde as amas pretas de leite cuidavam dos seus bebês e também das crianças brancas, explica o surgimento do Chibamba como criatura assustadora.

Era uma oportunidade e tanto mostrar às crianças, aqueles figurantes caracterizados como monstros cobertos de folhas e mascarados, como uma entidade que viria atormentar crianças que não queriam dormir.

Na tradição africana, os figurantes cobertos de folhas e mascarados, simbolizavam a encarnação dos seus antepassados, que ora visitavam seus descendentes, para abençoar suas festas, caçadas, colheitas, guerras e mesmo rituais de casamento.

Também os nossos índios dançavam envoltos em folhas e tecidos vegetais. Não é uma tradição dos Tupis, mas entre os pajés do Brasil colônia. Estes dançavam, nas horas dos rituais religiosos, disfarçados, cobertos de folhas e pintados com corantes vegetais. A dança lenta, rodada, com os figurantes cobertos com vestimentas ornamentadas, era tradição entre os Gês, Nu-aruacos, e mesmo Caraíbas.

Mas a influência para a existência do Chibamba mineiro é mesmo africana.









COARACI - Deus-Sol (Tupi, Nheengatu e Guarani), criador de todos os viventes e deuses. É casado com Jaci, sua irmã, a Deusa-Lua.


COROACANGA - Espírito das Palmeiras. Tem a forma de uma bola de fogo azul faiscante.





GANHAMBORA - Espírito das Matas, também conhecido como Pai-do-Mato, com aparência semelhante ao Pã grego. É grande e peludo, com uma barbicha preta, andando sempre acompanhado por um bando de queixadas. Normalmente está enlameado. Sua urina é azul.



GUAJARA - duende dos manguezais. Duende invisível que habita os manguezais do Ceará. Chamam-no também guari e pajé do rio Açoita os cães sem a menor piedade. Aterroriza os viandantes com gritos aterrorizantes. Imitam vozes de animais, ruídos de caçador, pescador, colhedor de mel de abelhas, fingindo cortar árvores; às vezes assume a forma de um pato para poder entrar nas casas e fazer suas brincadeiras. O Guajará é uma espécie de fantasma travesso, aparece sempre rapidamente; ou mesmo nem aparece; apenas uma sombra. Aliás, dizem que ainda aparece. Segundo os pescadores se alguém sair para pescar no mangue e de repente ouvir barulhos estranhos, assobios, cantigas, som de machado cortando o mangue, bolas de fogo, etc., pode voltar que nesse dia não se pesca absolutamente nada e, se por acaso, alguém desobedecer as regras, além de não pescar nada o indivíduo volta pra casa com febre, cansado e com dores por todo o corpo, com se fosse açoitado pelos galhos de mangue que o Guajará carrega na mão.

Para fazer boas pescarias e não ser atormentado pelo Guajará é bom sempre levar um pouco de fumo e colocar nas raízes do mangue. Para alguns, o Guajará apresenta certa semelhança com o Saci e com o Caipora, duendes dos matos, apreciando-se, sobretudo, o espírito travesso, buliçoso, às vezes malévolo, com atitudes de assombramento. Para outros, como seu José de Fátima diretor do Museu de Itarema e guardião da memória, o Pai do Mangue (Guajará) se mostra como um velho de cabelos e barbas longas, vestido com roupas velhas e rasgadas, pés descalços e com um cachimbo na mão.

Há muito tempo atrás em Almofala, uma velha índia Tremembé chamada Tia Chica relatou o seguinte, “O Guajará mora nos mangues... uma vez eu estava pilando milho, quando senti a mão-de-pilão pesar na minha mão. Ai eu olhei pra fora e vi a sombra de um grande pássaro, me vi aperreada e gritei pela minha neta. Eu juro que aquele pássaro era o Guajará, em uma de suas costumeiras traquinagens”.






GUNOCÔ - Espírito Guardião das Florestas. Torna-se visível uma vez por ano, num bambuzal. Orixá da linhagem de Ogum que habita as florestas.









IARA - Senhora das Águas Doces. A Sereia Brasileira atende pelo nome de Iara e vive no fundo dos rios, à sombra das florestas virgens.


Conta a lenda amazônica que uma noite um índio sonhou com uma bela mulher de cabelos loiros, olhos azuis e pele muito clara. Tal fada estava à entrada de um imenso castelo de cristal recoberto de ouro e safiras de onde vinha uma música celestial. O jovem apaixonou-se à primeira vista e ouviu a linda mulher lhe propor amor eterno. Um dia navegando pelo rio, o índio viu formar-se sobre as águas uma choupana e, por detrás da janela, apareceu a mulher de seus sonhos que lhe sorria. Apaixonado e enfeitiçado foi até a choupana que flutuava sobre as águas. O pai do índio pode ver que o corpo da mulher tinha uma cauda, igual a de um peixe, e que, agarrando seu filho, se jogou na água, mergulhando para nunca mais voltar.

Alguns indígenas e caboclos juram já ter visto a Iara, como passou a ser chamada. em muitos rios e igarapés. A crença neste mito é tão grande, que, pelos lugares em que mora a Iara, segundo a tradição, ninguém tem coragem de passar em determinada hora da tarde. Em algumas ocasiões, comenta-se, ela mostra-se com pernas para logo em seguida transformar-se em sereia.


É nesta forma que atrai suas vítimas.


Para livrar-se do poder de sedução de Iara, aconselham os indígenas, deve-se comer muito alho ou esfregá-lo por todo o corpo.

Numerosas são as lendas em torno de Iara, seus encantamentos e artimanhas. É o mito que mais inspirou poetas brasileiros. José de Alencar, por exemplo, incluiu no romance "O Troco de Ipê" um conto sobre a mãe-d'água, em que figura um palácio de ouro e de brilhantes no fundo do mar.

O simbolismo mais conhecido da sereia é o da sedução mortal. Com toda certeza, ela é uma tentadora.


Mas a paixão inflamável que ela inspira é perigosa, porque provém do sonho e do inconsciente, e por isso é sonho insensato, fantasma irreal.









IPUPIARA - Um dos mais antigos mitos de nossa terra. Ser que reside nas fontes ou no fundo das águas, meio homem, meio peixe, meio animal, inimigo dos pescadores, dos garimpeiros e de todos os que tiram proveito das águas, mesmo as lavadeiras.

Entre vários relatos antigos, diz:


"parecem-se com homens propriamente, de boa estatura, mas têm os olhos muito encovados. As fêmeas parecem mulheres, têm cabelos compridos, e são formosas".

O modo que têm para matar é: abraçam-se com a pessoa, tão fortemente, beijando-a e apertando-a consigo, que a deixam feita toda em pedaços.

O Ipupiara brasileiro não tem nada a ver com os seres da água europeus como sereias; não há cantos melodiosos, palácios de cristal no fundo da água, encantadoras promessas de amor ou outro chamariz qualquer.


O Ipupiara era, segundo os cronistas "bestial, faminto, repugnante, de ferocidade primitiva e brutal".

Conta a lenda que em São Vicente, no ano de 1564, a linda escrava índia, Irecê ao ir à praia à noite, para um de seus encontros com o jovem Andirá, que vinha ao continente de canoa, deparou com um animal marinho gigantesco, com cerca de três metros de altura, com uma grande cabeça, bigode, braços longos, dentes pontiagudos e pés de barbatanas. Irecê encontrou a canoa de seu amado no mar, vazia. Esse animal, a princípio, foi descrito como sendo Curupira - o fantasma do mar, que foi morto pelo capitão Baltazar Ferreira assistente do capitão-mor, ao acudir o clamor de Irecê.

Os índios identificaram o animal como sendo o Ipupiara, o demônio da água.


Diziam que ele habitava o espaço entre a velha "Casa de Pedra" (primeira construção de alvenaria do Brasil) e a Praia de São Vicente (Gonzaguinha). O fato, misto de horror e fantasia, teria sido comentado por todo o Brasil e até por estrangeiros de vários paises. Entretanto, ninguém jamais falou da única vítima presumível do Ipupiara o vicentino Andirá, que deixou para trás sua canoa solitária à beira mar e o coração partido de Irecê. Como toda lenda, a do Ipupiara parte de algumas premissas verdadeiras. Estudiosos e historiadores entendem que o tal monstro não passava de um leão marinho, desviado pelas águas frias do inverno que, desavisado, veio parar nas praias brasileiras.









JACI - Deusa-Lua, irmã-esposa do Sol. Protetora da vida vegetal é mãe de todos os frutos.


Tem duas formas: Iaci Omunhã (Lua Nova) e Iaci Icaua (Lua Cheia).


As tradições sobre a Lua, no Brasil, provêm de portugueses, negros e indígenas. Eram devotos da Lua muitos dos índios brasileiros mais arredios, como os cariris, que se alegravam quando viam a lua nova, por lhes trazer augúrios e novidades.

Na teogonia ou mitologia dos índios do Brasil, Jaci era a Lua, irmã e ao mesmo tempo esposa do Sol, Coaraci.


Seu nome em língua tupi combinava os elementos já, "fruto", e ci, "mãe".


Assim, presidia a vida vegetal e o crescimento.


Era a "mãe dos frutos" e, ainda hoje, muitas tribos indígenas organizam grandes festividades em sua homenagem.


Na lua nova, cantam, dançam e bebem durante toda a noite para festejar Jaci Omunhã. Contam o tempo pelo ciclo lunar e repetem os festejos também na lua cheia - a que dão o nome de Jaci Icauá.

Os índios acreditavam que Jaci controlava os gênios das florestas, como o saci-pererê, o boitatá e o curupira. Era simbolizada com um ornato feito de concha branca talhada em forma de crescente.









JURUPARI - Senhor das Leis é filho virginal de Ceuci. Não podia ser visto por nenhuma mulher; aquela que o visse, morria. Jurupari foi o herói mítico criado pelos homens para explicar e justificar as duras leis aplicadas às mulheres, que ficaram relegadas a uma total situação de inferioridade.

Ele veio do céu e é o Coaraci Raia, o Filho do Sol, um equivalente ao "filho do Deus Sol", cuja intervenção se faz de forma direta às mulheres, retirando-lhes todo o poder.

A realização da grande Festa do Jurupari, onde não era permitida a participação feminina, foi uma das maiores causas para agravar as diferenças nas relações entre homens e mulheres. O objetivo da festa não era outro senão intimidar e despertar uma atitude mais passiva e submissa do mulherio, para maior tranquilidade dos homens.


Existe uma lenda que diz assim:

“No princípio, após a morte do filho da virgem, eram as mulheres que tocavam paxiúba (instrumentos de sopro) e vestiam as máscaras. Mas este tinha, sem dúvida, as suas razões para não amar as mulheres. Um dia desceu do céu e perseguiu uma delas, que tinha a máscara e as paxiúbas. Ela parou para urinar e depois se lavar. Jurupari afinal à alcançou. Deitou-a sobre a pedra, violou-a e tirou-lhe as paxiúbas e a mácara. Desde esta época, as mulheres não devem ver as máscaras, sob pena de morte, e Jurupari instituiu definitivamente a Casa dos Homens e a Festa dos Homens."

As Amazonas seriam então, um resquício vivo, da rebelião das mulheres, que não submeteram a nova ordem social imposta herói mítico Jurupari, que introduzia o predomínio do homem sobre a mulher.

Portanto, podemos afirmar, que na Amazônia, em tempos ainda não totalmente determinados, imperava o matriarcado, mas as mulheres acabaram perdendo seu poder e Jurupari instituiu novas leis. Não conformadas com tais ditames, por diversas vezes deve ter havido a tentativa de retomada desse poder. Como não foi alcançado o objetivo e em vista da forte repressão feita pelos homens, fugiram e foram construir tribos onde viviam sós.

As tentativas dos homens de dominar tais comunidades, por certo devem ter ocorrido. Daí a belicosidade das mulheres, que estabeleceram um grande poder para se defenderem.

É interessante acrescentar, que mesmo na lenda de Jurupari, ainda se conservava a predominância da natureza feminina, pois a palavra Coaraci, segundo Barbosa Rodrigues é de significado feminino:


a) CO = verbo ser

b) ARA = o dia

c) CI = mãe, de onde.


COARACI, que dizer "MÃE DO DIA", atestando a proeminência feminina frente a radical mudança de costumes...






A Lenda


O Jurupari é um personagem que aparece em inúmeras lendas amazônicas. Em algumas histórias é retratado como um herói que trouxe ordem ao mundo, em outras aparece como um temível demônio. Às vezes chamado de "filho do Sol", outras vezes de "filho do Trovão". O fato é que Jurupari está presente na mitologia de diversos povos indígenas, notadamente os que vivem na região de fronteira entre Brasil e Colômbia. No começo do mundo, uma estranha epidemia atingiu os índios da Serra de Tenuiana. Morreram quase todos os homens. Sobreviveram as mulheres e alguns velhos. Para evitar a extinção daquele povo, um velho pajé - nascido da união de uma índia com o rei dos pássaros jacami - fecundou a todas as mulheres da aldeia com sua mágica. Depois disso ele mergulhou num lago onde uma estrela costumava se banhar, e desapareceu.

Dez luas depois, todas as mulheres deram à luz. Entre os recém-nascidos havia uma menina que foi chamada Ceuci.

Ceuci era de uma beleza esplendorosa. Já adolescente ela entrou na floresta e comeu a fruta proibida do pihican. O suco delicioso da fruta escorreu da boca de Ceuci, desceu por seu corpo e banhou-lhe as partes mais recônditas. Após comer as frutas sentiu-se diferente. Examinou-se e viu que não era mais virgem. Estava grávida.

Dez luas depois nasceu um menino forte e belo, que se parecia com o Sol. Foi batizado com o nome de Jurupari.

Os índios elegeram a criança como seu líder. Naquela época eram as mulheres que governavam. Elas discutiam a melhor hora para entregar os símbolos de chefe a Jurupari e quando se deu conta, a criança havia sumido.

Procuraram por Jurupari, mas nada encontraram. Dos mais altos morros da serra ouvia-se murmúrios de criança. A infeliz Ceuci permaneceu na mais alta montanha, chorando a perda de seu filho. À noite ela dormia e ao acordar pela manhã sentia que seus seios estavam vazios. Era Jurupari que vinha junto dela se amamentar.

Depois de 15 anos, Jurupari voltou a sua aldeia.


Ele revelou a todos que recebera uma missão do Sol: reformar os usos e costumes dos povos da terra. Ele ferveu uma resina em uma panela com água e criou todos os pássaros que voam pelo céu. Recebeu os enfeites de chefe, ensinou as novas leis a seu povo e mandou que alguns homens fossem às aldeias vizinhas, espalhar as novas leis a outros índios.

Jurupari carregava consigo uma bolsa que lhe foi entregue pelo próprio Sol. De dentro da bolsa, Jurupari retirava pedras que eram pintadas com as sombras do céu, e que mostravam tudo o que acontecia pelo mundo. Nessas pedras, Jurupari também podia ver o futuro.

Em uma dessas pedras, Jurupari viu a morte de Ualri. Ele se transportou até a palmeira que havia nascido do corpo de seu enviado. Uma música saía da palmeira quando o vento assoprava. Jurupari pediu às aves que cortassem as folhas da árvore, e usando a mandíbula de um peixe serrou a palmeira, que na verdade eram os ossos de Ualri.

Daquela palmeira, Jurupari construiu um conjunto de flautas sagradas para que fossem utilizadas nos rituais a partir dali. Cada uma das flautas foi batizada com um nome da língua dos diversos povos que viviam no local. E cada flauta possuía um significado. A seguir estão algumas da flautas construídas por Jurupari:


- O instrumento principal tinha a altura de Jurupari e foi chamado Ualri, cuja história já foi contada.


- A flauta Tintabri (nome de uma ave, em uaupés) tinha o tamanho de um braço. Sua história é a de uma mulher muito bonita, mas que era tão vaidosa que foi transformada nessa ave pelo chefe de sua aldeia.


- A flauta Mocino (grilo, no idioma arapazo) tinha o tamanho da coxa de Jurupari. Ela representa a sombra de um homem-mulher que, por não querer amar ninguém viveu sempre escondido cantando apenas de noite. Foi transformado em grilo pela própria mãe da noite.


- A flauta Arandi (arara na língua pira-tapuia) tinha o tamanho de dois braços. Representa uma mulher bonita, mas que não gostava de homens. Foi transformada em arara.


- A flauta Piron (águia, no dialeto Jurupixuna) tinha a largura de três mãos. Representa o pajé, que ganhou da águia as pedras em que via tudo pela imaginação.


- A flauta Titi (paca, na língua Baniwa) do tamanho da medida dos joelhos à cabeça. Representa uma velha que vivia roubando e foi transformada em paca por um esquilo.


- A flauta Canaroarro (saúva, na língua manau) do tamanho da medida dos ombros até o umbigo. Representa um velho que viu em sonho a fome comendo a Terra, e que passou a vida acumulando provisões dentro de casa para quando viesse a fome. Foi transformado em formiga pelo tatu.






KERPIMANHA - Deusa-Anciã, Senhora dos Sonhos, que desce do céu, pelo caminho do Arco-Íris (durante o dia) ou pelos raios das estrelas (durante

à noite) e entra no coração das pessoas enquanto dormem e só sai de lá depois que elas acordam.


Assim, quando uma pessoa acorda, encontra em seu coração o recado de Tupana, que a Velha deixou.

Contam os tupis que junto a Tupã, o deus dos deuses, capaz de dominar os raios e os trovões, morava uma deusa-anciã, chamada Kerpimanha.

A velha senhora, dona dos sonhos, desce do céu pelo caminho do arco-íris para trazer os sonhos que sonhamos, por vezes acordados durante o dia, e pelos raios da estrelas os que sonhamos durante a noite, em repouso.

Com um sopro de vida ela entra nos corações das pessoas e só sai de lá quando elas despertam, assim quando uma pessoa se lembra do seu sonho encontra o recado de Tupã que a velha deixou gravado no seu coração.









KILAINO - Duende dos bacaeris, variante do Caipora. Este espírito da Natureza é representado por um negrinho de uma só perna que fuma cachimbo e usa um barrete vermelho que lhe dá os poderes milagrosos. Às vezes transforma-se numa lindíssima mulher ou em diferentes pássaros e assinala a sua presença por um assobio com o qual assombra os humanos e que ninguém consegue localizar. Persegue os cavalos durante a noite e depois lhes entrança as crinas. Este espírito em vez de ajudar na casa é o responsável por uma série de tropelias que incluem a ocultação de objetos e o estrago de alimentos. Segundo a tradição, este espírito traquina paga muito ouro para reaver o seu barrete caso este lhe seja roubado pelos humanos. este espírito da natureza é o Saci, também chamado de Saci-Pererê, Kilaino, duende dos bacaeris, índios caraíbas de Mato Grosso Caipora ou Curupira.









MANI - Espírito da Mandioca.


Às vezes assume a forma de uma menina e passeia pelas plantações. Em tempos idos, apareceu grávida a filha dum chefe selvagem, que residia nas imediações do lugar em que está a cidade de Santarém, Pará. O chefe quis punir no autor da desonra de sua filha a ofensa que sofrera seu orgulho e, para saber quem ele era, empregou debalde rogos, ameaças e por fim castigos severos. Tanto diante dos rogos como diante dos castigos a moça permaneceu inflexível, dizendo que nunca tinha tido relação com homem algum.

O chefe tinha deliberado matá-la, quando lhe apareceu em sonho um homem branco, que lhe disse que não matasse a moça, porque ela efetivamente era inocente, e não tinha tido relação com homem.

Passados os nove meses, ela deu à luz uma menina lindíssima e branca, causando este último fato a surpresa não só da tribo como das nações vizinhas, que vieram visitar a criança, para ver aquela nova e desconhecida raça.

A criança, que teve o nome de Mani e que andava e falava precocemente, morreu ao cabo de um ano, sem ter adoecido e sem dar mostras de dor. Foi ela enterrada dentro da própria casa, descobrindo-se e regando-se diariamente a sepultura, segundo o costume do povo.


Ao cabo de algum tempo, brotou da cova uma planta que, por ser inteiramente desconhecida, deixaram de arrancar. Cresceu, floresceu e deu frutos.

Os pássaros que comeram os frutos se embriagaram, e este fenômeno, desconhecido dos índios, aumentou-lhes a superstição pela planta. A terra afinal fendeu-se, cavaram-na e julgaram reconhecer, no fruto que encontraram, o corpo de Mani. Comeram-no e assim aprenderam a usar a mandioca.









MAPINGUARI - Gênio em forma de homem, mas todo cabeludo. Seus grandes pelos o tornam invulnerável à bala, exceto na região do umbigo.

Uma das características mais marcantes do Mapinguari é o odor insuportável que ele exala na mata. Os caboclos o descrevem como um bicho semelhante a um homem com o corpo coberto de pelos, como um grande macaco, e com apenas um olho bem no meio da testa. Dizem também que a boca do Mapinguari é algo descomunal; tão grande que não termina no queixo, como a dos homens, mas na barriga. A pele dessa figura mitológica é descrita como parecida ao couro dos jacarés e ele tem nas costas uma espécie de armadura que se parece com um casco de tartaruga.


Ao contrário das outras visagens, o Mapinguari ataca mais durante o dia do que à noite. E há também os que dizem que o Mapinguari só aparece em dias santos.


Dentro da mata, é fácil perceber o rastro de um Mapinguari: os arbustos ficam quebrados e o mato todo esmagado.

Ao correr no meio da mata o Mapinguari solta gritos, da mesma forma como os caçadores fazem para se comunicarem uns com os outros. Ele faz isso para atrair a atenção dos caçadores e poder devorá-los com sua boca imensa. E dizem que começa pela cabeça da vítima!






MBOIA-AÇU - Espírito do Rio Solimões, tem a forma de uma cobra gigante com olhos de fogo. Animal fabuloso do rio Solimões, Amazonas, cobra gigantesca, com poderes mágicos. É uma variante local de Cobra-Grande, a Mboia-Açu. É uma tapuia encantada em uma cobra. Vejamos: a filha de um pajé deitou-se levar pelo amor de um emigrante, concebendo dois filhos gêmeos: José e Maria.


Quando o velho pajé soube do caso, calou-se e, quando as crianças nasceram, matou a filha e atirou-as na água, morrendo José; Maria foi protegida da Iara e hoje faz tudo quanto quer; é muita coisa na água. Aparece sempre à noite. Os seus olhos são como os de Anhangá, duas tochas de fogo. Não tem ouvido falar numa cobra enorme, que derruba barrancos, afunda canoas, encalha navios e tem feito muitos valentes agonizar de fraqueza?






MBUÁ - Deus da Caça, protetor dos filhotes e das fêmeas. Antes de começar uma caçada, deve-se oferecer um beiju para Mbuá em troca do animal.









MOTUCU - Espírito da Floresta, variante do Curupira. Entidade misteriosa e malévola dos indígenas Manaus, aruacos do rio Negro, Amazonas. O Motucu vive nas florestas e tem os pés virados como o curupira ou o matuiú.

“Uma das principais fábulas provindas dos Manaus é a do Motucu, ou demônio dos pés virados, cujas perenes jornadas fazia-se por intermináveis atalhos, incendiando floresta e deixando após si rochas estéreis”.






NIBETAD - Herói mitológico que vive nas Plêiades. Um dia desceu e casou-se com uma mulher da tribo dos Cadiuéu; dessa união nasceram dois filhos: Gawé-txéheg e Nõmileka, grandes pajés.






PORONOMINARE - Herói mitológico da Bacia do Rio Negro. O primeiro humano criado, fundador das civilizações.






RUDÁ - Deus do Amor (Tupi), encarregado de promover a reprodução de todos os seres vivos. Tem a aparência de um guerreiro e vive nas nuvens,

com duas ajudantes: Cairé (a Lua Cheia) e Catiti (a Lua Nova). Essas duas tinham a missão de despertar saudades nos amantes ausentes. Representa a busca pela completude e recebe os pedidos de conquista e fidelidade amorosa, em um estilo de vida em harmonia com a natureza. A forma de nossos anéis e pingentes vem dessa simbologia.

Rudá é o nome dado à combinação de madeiras nobres e pedras em seu estado natural. O tempo, essencial ao amadurecimento das madeiras, é também o artista que exculpe e colore as pedras. As formas orgânicas evidenciam o respeito a esse processo, orquestrado pela natureza.






TATÁ-MANHA - Deusa do Fogo.






TUPÃ - Também chamado de TUPANA é o Deus dos Raios e Trovões, mas às vezes também é conhecido como Mãe do Trovão.

Em uma aldeia dos índios Maués havia um casal, com um único filho, muito bom, alegre e saudável. Era muito querido por todos de sua aldeia, o que levava a crer que no futuro seria um grande chefe guerreiro. Isto fez com que Jurupari, o Deus do mal, sentisse muita inveja do menino. Por isso resolveu matá-lo. Então, Jurupari transformou-se em uma enorme serpente e, enquanto o indiozinho estava distraído, colhendo frutinhas na floresta, ela atacou e matou a pobre criança. Seus pais, que de nada desconfiavam, esperaram em vão pela volta do indiozinho, até que o sol foi embora. Veio a noite e a lua começou a brilhar no céu, iluminando toda a floresta. Seus pais já estavam desesperados com a demora do menino. Então toda a tribo se reuniu para procurá-lo. Quando o encontraram morto na floresta, uma grande tristeza tomou conta da tribo. Ninguém conseguia conter as lágrimas. Neste exato momento uma grande tempestade caiu sobre a floresta e um raio veio atingir bem perto do corpo do menino. Todos ficaram muito assustados.


A índia-mãe disse: “... É Tupã que se compadece de nós. Quer que enterremos os olhos de meu filho, para que nasça uma fruteira, que será nossa felicidade".


Assim foi feito. Os índios plantaram os olhinhos da criança imediatamente, conforme o desejo de Tupã, o rei do trovão. Alguns dias se passaram e no local nasceu uma plantinha que os índios ainda não conheciam. Era o Guaranazeiro. É por isso que os frutos do guaraná são sementes negras rodeadas por uma película branca, muito semelhante a um olho humano.

No início de todas as coisas, Tupã criou o infinito cheio de beleza e perfeição. Povoou de seres luminosos o vasto céu e as alturas celestes, onde está seu reino. Criou então, a formosa deusa Jaci, a Lua, para ser a Rainha da Noite e trazer suavidade e encanto para a vida dos homens. Mais tarde, ele mesmo sucumbe ao seu feitiço e a toma como esposa. Jaci era irmã de Iara, a deusa dos lagos serenos.

Criou ainda, o forte deus Guaraci, deus do Sol, irmão de Jaci, o qual dá vida a todas as criaturas e preside o Dia.

Fez nascer também Icatú, o belo deus. Formou um lugar de delícias para os bons e um lugar tenebroso para os maus. Neste lugar vagam as almas sem vida e os espíritos dos guerreiros sem glórias ou fugidos das tribos. Tupã, após uma batalha, lançou para este lugar sombrio, seu temível e poderoso inimigo Anhangá. deus dos Infernos, chamando estes lugares de regiões infernais. Juntamente com este impiedoso deus, à este mundo subterrâneo também forma dirigida: o jurupari que ficou conhecido como mensageiro deste deus cruel; Tice, que se tornou esposa do deus das trevas; Xandoré (ave falconídea), o deus do ódio; Caramuru e o Boto; Abaçaí e Guandiro e muitos angás. Este era o reino do pavor, do ódio, da dor e da vingança.

No alto dos céus, sentado em seu trono, Tupã criou milhares de criaturas celestes que executavam suas ordens e o louvavam. Fez nascer sobre os verdejantes mares os Sete Espíritos e os gênios que sob as ordens do Boto deus dos abismos dos mares, governavam os oceanos e habitavam na sagrada Loca, que é a habitação dos deuses marinhos no fundo das águas.

Criou Pirarucú, deus do mal e deu vida ao alegre Curupira, deus protetor das florestas. Do mesmo modo, nasceram as Sete Deusas: Guaipira, a deusa da história;

Pice a deusa da poesia;

Biaça, a deusa da astronomia;

Açutí, a deusa da escrita;

Arapé, a deusa da dança;

Graçaí, a deusa da eloquência;

e Piná. a deusa da simpatia.

Depois criou para a alimentação dos deuses, o divino Ticuanga, o bolo feito de massa de óleos e outras iguarias deliciosas para alimentar e deleitar os imortais. Mandou em seguida, preparar o sagrado Tapicurí, o vinho dos sacros deuses e Tamaquaré, a fina essência aromática usada pelos Senhores da Eternidade. Estabeleceu as horas, os minutos e os segundos. Fixou as estações e as mutações. Deu uma forma estável e regular ao Universo e instituiu o Nadir e o Zênite. Fez nascer a reciprocidade e criou:

Catú, o deus outonal,

Mutin, o deus da primavera,

Peurê, o senhor do verão

e Nhará, que preside o inverno.

Criou também Tainacam, a deusa das constelações. Igualmente deu vida as Tiriricas, as deusas da raiva, do ódio e da vingança. Colocou nas densas florestas o Caapora, deus vingativo, protetor das casas e dos animais e lhe deu o feroz porco caitetú, sobre o qual cavalgava o temido deus, protegendo os filhotes dos animais. Criou Aruanã, o deus da alegria e protetor dos Carajás e faz germinar no norte do Brasil as ricas e belas carnaubeiras, chamadas de árvores da vida.

Para concluir sua obra, Tupã veio ao mundo e fez o homem e deu-lhe como companheira a mulher e logo eles se multiplicaram e encheram toda a terra. O poderoso deus tomou então das suas criaturas e ensinou-lhes a arte de tirar do seio da terra, ricos legumes e frutas, trabalhar com barro e argila e do férreo Ubiratã, fazerem as mais fortes lanças e armas de guerra. Depois transmitiu aos homens todo o conhecimento sobre os remédios para todas as doenças. Finalmente, ensinou-lhes a arte que tornam a vida mais suave a amena. Abençoou o sagrado Ibiapaba, Monte Sagrado dos Deuses Brasileiros e nele permitiu a permanência das Parajás, do bondoso Inoquiué, das Parés, de Solfã e de outros deuses imortais. Até ele próprio lá comparecia, vez por outra.

Alegres viviam os homens, felizes cresciam as crianças. Todos os deuses gloriosos e imortais amavam-nos e davam-lhes formosos e ricos rebanhos de capivaras, pacas e cabras. Ao morrerem, os homens não sofriam, pois mergulhavam em doce sono, seus corpos voltavam à terra e suas almas subiam aos céus. A vida proporcionava todo o bem imaginável. A terra era fértil e produzia-lhes todas as árvores frutíferas que precisavam. Se algum mortal faltava com a veneração dos imortais, entretanto, era duramente castigado. Os deuses reuniam-se em assembleia no Monte Ibiapaba e enviavam as mensagens aos homens pelo alegre Curupira, o qual, possui os calcanhares para diante, os dedos para traz e habita as florestas, castigando todo aquele a destrói ou incendeia e é mais célebre do que Polo, o deus do vento.

Mas, eis que um dia, Anhangá, cheio de inveja, transformado numa bela e astuta jararaca gigante, soprou no ouvido dos homens a maldade e ainda que os outros deuses protetores vagassem em torno deles para ajudá-los, nada conseguiram. Então começaram os homens a serem dominadas por grande ambição e as Parajás, deusas do bem, da honra e da justiça, que eram inseparáveis, envolveram o corpo com brancas plumas e abandonaram os mortais, voltando para junto dos deuses eternos e a escura deusa Sumá (deusa inimiga dos homens), envolvida em negra manta, feita de cipó chumbo, vagou pela terra, espalhando ódio e discórdia. Deste modo os maus sentimentos ganharam o mundo e os mortais tiveram o conhecimento do mal, da injustiça e amaram mais a maldade do que as belas virtudes.

No alto dos céus, com os outros deuses, Tupã dominava, desde o começo dos tempos e numa grande batalha, vencera o cruel deus Anhangá, senhor dos infernos e seu irmão, o deus Xandoré.

Com o seu poder, Tupã aprisionou o deus do ódio na sagrada serra do Ibiapaba. Algum tempo depois, ele foi solto por Jururá-Açu a bela imortal. Por castigo, Tupã, fez nascer nas costas desta deusa uma espécie de concha, e cobriu-lhe o corpo todo como uma cor amarelada e Jururá-Açu transformaram-se na feia e horrível tartaruga que habita as águas doces dos rios. Assim, pode Tupã se gloriar de ter vencido todos os que se opunham à ele.

Mas agora Tupã arrependeu-se de ter criado os homens! Voltou ele então à Ibiapaba e se reuniu em assembleia com os imortais. Depois de muita discussão, chegaram à um consenso que deveriam destruir a terra e todos os homens.

Já Caramurú, deus que presidia as faíscas e as ondas revoltas dos grandes oceanos, por ordem do Conselho Divino, queria derramar sobre a terra os seus raios e curiscos, mas o deus do trovão decidiu que a terra deveria ser engolida pelas águas da chuva.

Desta forma, Polo aprisionou os ventos na forte e gigante palmeira ubuçú, mo Monte Araçatuba. Boto desceu à terra, convocou todos os grandes e pequenos rios e Iara, raivosa, ordenou as fontes e as chuvas que caíssem abundantemente durante quarenta dias e noites, sem cessar.

Os Sete Espíritos dos grandes oceanos por ordem do Boto atiraram para a terra seca, bravias ondas dos mares e fortes aguaceiros despencaram dos céus. As janelas celestes se abriram e as plantações dos Tupis quedaram-se sob o peso das águas e da tempestade. As águas invadiram toda a terra levando com elas as ocas, as tabas, as árvores e os templos. Os animais se debatiam nas ondas. Tribos numerosas eram engolidas pela inundação e os que escapavam das águas, morriam nas alturas dos montes por determinação de Tupã.

Quando Tupã olhou para a terra, viu o mundo submerso em águas mortas e apenas um casal de homens reverentes para com os eternos, contemplava os céus: Açu e Pirá. Neste instante o senhor dos mundos, fez baixar as águas e surgiram novamente as montanhas, a planície e a terra seca.

Açu olhou a sua volta e viu tudo mergulhado no silêncio da morte. As lágrimas começaram a molhar sua face, quando perguntou a Pirá:

- Somente nós não sucumbimos no cataclismo, o que faremos sós e abandonados nesta imensidão?

Os dois suplicaram entre salgadas lágrimas que a meiga e doce deusa Caupé para que os ajudassem a recuperar toda a geração morta Ouvindo tais súplicas a deusa desceu e falou-lhes:

- Olhai três vezes para os céus e dizei: descobrimo-nos perante vós deuses imortais curvam as nossas cabeças perante vossas ordens. Depois, tomai grande porção de areia e atirai para o alto.

Não hesitando um só momento em executar os tais ensinamentos da deusa e mal atiraram os grãos de areia, viram que deles surgiram imagens, formas humanas. E, desse modo, com o auxílio divino, nasceram milhares de homens e mulheres e essa geração humana vindo de um só ramo Tupi, encheu todo o lendário Brasil.

Depois de algum tempo, Açú e Pirá tiveram um filho, Tujubá, o ascendente dos tupinambás. Os filhos deste foram: Arumã, o herói, Moema, Taparica, que foi pai de Paraguassú, Irapuã, Tibiriçá que foi pai de Bartira, esposa do Guaraciaba (João Ramalho), fundador de Piratininga, Tamará, Jucuré o semimortal, Icundi, e o belo Gunzá, Araribóia, o valente, Taparica, o invencível, Paumá, o navegador, Inhampuambuçu, o vingativo, Poti, o guerreiro e Mendicapuba e a formosa Agniná.






UAUIARÁ - Deus das Águas (AM), protetor dos peixes. Tem a forma de um boto e, às vezes, se transforma num lindo rapaz, no início das noites de Lua Cheia, para seduzir as moças ribeirinhas. Tem que voltar para a água antes do nascer do sol. Também pode assumir a forma de uma bela mulher, com os cabelos até os joelhos, para atrair os rapazes. Às vezes assume a forma de um cão robusto. Seu nome significa "o que chega de repente".

Em um universo fantástico e telúrico, onde forças primitivas e inimagináveis para o vulgo ainda predominam, lendas, crendices, histórias fabulosas de deuses, homens e animais são tão reais quanto os infindáveis rios e a vida ensolarada, e habitam a mesma dimensão mágica. No paraíso amazônico onde tudo é possível, ou quase tudo, o mito do boto, o príncipe encantado das águas, assume uma feição especial, pois integra, ao mesmo tempo, o onírico e o concreto. Do imaginário para o real, os "filhos de boto" estão aí, pelos beirados, a perpetuar uma raça mística, na qual não há distinção entre homens e deuses.

O boto, mamífero de águas doces, é um cetáceo delfinídeo do gênero Sotália, parente do golfinho chinês e indiano que, desde a antiguidade clássica, tem sido considerado um símbolo lúbrico, um fetiche ictiofálico dedicado a Vênus ou Afrodite, deusa do amor. A razão disso é a analogia existente entre as qualidades protetoras e sensuais do boto tucuxi amazônico e aquele atribuído ao delfim consagrado a Afrodite, a deusa nascida do mar e protetora dos amantes.

O golfinho, ou delfim é também associado a Apolo, o deus da beleza, cuja associação resultou no nome de Delfos ao seu famoso santuário na Grécia. Além disso, uma tradição chilena, ainda hoje, conta a história dos peixes que foram os seres humanos pré-diluvianos, os quais, de tempos em tempos, saem dos rios e vêm procriar com as mulheres. Em muitos mitos, por sinal, em várias partes do mundo, sempre houve referências à fecundação por deuses e entes mágicos.

Segundo o historiador Câmara Cascudo, alguns cronistas relataram histórias do boto como sendo a personificação do Uauiará, ou Uiara (Senhor das Águas), o grande amante das mulheres caboclas e índias na mitologia tupi. O primeiro filho de muitas nativas é atribuído ao contato com esse deus que, ora as surpreende no banho, ora transforma-se em mortal para seduzí-las, arrebatando-as para dentro das águas. O boto, como Uauiará, representa o variante masculino da Iara (Mãe-d'Água), dona de igual poder de encantamento e sedução.

Assim, de modo amplo, o peixe está simbolizando o elemento água, dentro da qual vive. Ele transforma-se em homem e atinge o estado de manifestação dos poderes secretos, trazidos das profundezas do seu elemento. O peixe também é símbolo da vida e da fecundidade, em vista da sua prodigiosa faculdade de reprodução e do número infinito dos seus ovos.

Para quem conhece a Amazônia, não causa espanto que a psique dos habitantes, principalmente a feminina, possa fazer nascer dos imensos rios uma figura de animus. A presença das águas determina toda a vida da região, um verdadeiro planeta aquático, na forma das correntes fluviais, enchentes, chuvas torrenciais ("torós"), enxurradas, ou fenômenos incríveis como as "pororocas". A comunhão da mulher com a natureza é tão intensa, que um estrato de sua psique pode facilmente projetar-se nas águas e esperar dali a vinda do amante sensual.

Consta que o órgão sexual do boto, tanto do macho quanto da fêmea, é idêntico aos órgãos sexuais feminino e masculinos. A semelhança entre os órgãos genitais humanos e dos botos torna verossímil a experiência sexual que o folclore insistentemente relata e, certamente, tem contribuído para intensificar o simbolismo do mito.

Antes da popularização do boto "amoroso", no entanto, relatam as lendas indígenas que havia um outro boto sério e bom, venerado pelos tapuias como um deus milagroso, conhecido como Mira que quer dizer boto-gente, ou boto em forma de pessoa. Essa sacralização contribuiu para que o consumo de carne de boto se tornasse um tabu, o que faz com que, na região, dificilmente índio ou caboclo se atreva a comer carne de boto. Possivelmente o eco desses atributos de bondade com relação ao boto perduram, pois, de acordo a maiorias das tradições, ao boto é atribuída geralmente uma função protetora, havendo relatos de que o boto ampara as canoas em temporais e acompanha embarcações em que viajam mulheres grávidas, cuidando de protegê-las até que cheguem em terra firme.

O fato é que, cercado de crendices e lendas, o boto amazônico, ou "boto-namorador", é um dos animais mais populares da região, e suas atividades "donjuanescas" têm sido noticiadas em crônicas brasileiras e portuguesas há pelo menos dois séculos. Em forma de homem, pela qual é mais conhecido, apaixona e rapta as cunhãs, conquistando-as nos bailes e nas beiras de rio. Ocasionalmente em forma de mulher, "vira a cabeça" dos caboclos, deixando-os apalermados. Diz-se que, depois de servir sexualmente ao caboclo, o boto fêmea se apega a ele e passa a rondar a sua cabana ribeirinha e a proteger a sua canoa dos perigos das águas. Outros dizem, ao contrário, que o homem tem relações com o boto fêmea, ou bota, no linguajar caboclo, morre exausto, em razão do coito arrebatador.

Apesar das variações, o mito possui um conteúdo predominante, que se refere à entrega sexual da cabocla a um ser mágico. Este ser é visto como uma transformação do boto em rapaz sedutor que arrebata a jovem com carinhos e doces palavras e a possui nas praias mornas dos rios, em meio à natureza inebriante e acolhedora. No lendário amazônico, é natural atribuir ao boto a paternidade de um bebê inesperado. E o boto-namorador que infelicita as famílias ao seduzir donzelas, casadas ou viúvas, é descrito como um belo e elegante rapaz que usa sempre impecáveis roupas brancas e chapéu preto, fala manso, e, dizem, toca bandolim. A deslumbrante figura aparece nas noites enluaradas, na ribeira dos rios, nos bailes e nos barrancos, e deixa sua marca nas areias das praias e no corpo das mulheres, geralmente na forma de um filho.

Dizem que uma mulher viciada em andar com o boto emagrece, empalidece, fica de tal forma enredada nas malhas do sedutor, que tem que ser levada a um curandeiro para ser liberta do encanto. Nas localidades interioranas, é comum a recomendação de que as mulheres não andem de canoa, não transitem pelos beiradões quando estiverem menstruadas, e evitem o uso de vestidos vermelhos, pois esta cor agrada ao boto e pode atraí-lo.

O caráter erótico e afetivo do mito do boto guarda estreita relação com temperamento sensual do habitante nativo da região que, inclusive, utiliza as partes do animal para fazer amuletos. O olho de boto, assim como os órgãos sexuais do boto fêmea, são muito requisitados por curandeiros e feiticeiros, e tidos como matéria-prima de amuletos de incrível eficácia em casos amorosos. Enfim, este ente saído do mundo interior, o mundo que no mito está simbolizando pelas águas dos rios e mares, tem o poder de suplantar a realidade consciente porque faz parte de um mundo mágico e telúrico, que foge à dimensão acanhada do mundo real e no qual ainda é possível viver o sonho e ser feliz.






URUTAU - Deusa-Lua, às vezes assume a forma de uma ave noturna, cujo canto melancólico e estranho, lembra uma gargalhada de dor.

Urutau, em tupi-guarani, significa ave-fantasma, já que durante o dia fica imóvel sobre um tronco, galho ou mourão de cerca, confundindo-se com a madeira, por causa de sua plumagem.


À noite, ecoa um canto melancólico, parecido com um lamento. Quando a lua nasce, tem um canto esquisito, parecido com "foi, foi, foi".

Por volta do ano de 1996 ouvia-se na cidade de Guarantã o canto de um Urutau. Algumas pessoas diziam ter visto este pássaro em um pé de nêspera que se encontrava ao fundo da casa da agricultura. Ele sempre cantava por volta da meia noite. Ouviram o canto desse pássaro durante alguns meses e depois nunca mais foi encontrado ou ouvido por alguém na cidade.






XUNDARAUA - Espírito protetor do Peixe-Boi. Mata aqueles que pescam mais de um peixe-boi.

Para explicar a origem do Peixe-Boi os índios contavam uma lenda que dizia que em uma certa tribo indígena, habitante do vale do Rio Solimões, no Amazonas, foi realizada uma grande festa da moça nova e pela ação de Curumi.

O pajé mandou que a moça nova e o Curumi mergulhassem nas águas do rio. Quando mergulharam o pajé jogou, em cima de cada um deles, uma tala de canarana. Quando voltaram à tona já haviam se transformado em PEIXE-BOI.

A partir deste casal nasceram todos os outros peixes-boi. É por esse motivo que eles se alimentam de canarana.

O peixe-boi pertence à Ordem Sirênia e é o único mamífero aquático herbívoro. Ele vive na água, mas precisa vir à superfície em intervalos de 2 a 5 minutos para respirar. A espécie marinha (Trichechus manatus) pode medir 4 metros e pesar até 800 quilos! O peixe-boi amazônico (Trichechus inunguis) é menor: atinge 2,5 metros e pesa até 300 quilos. Além disso, ele é mais escuro e tem o couro liso. Uma outra diferença em relação a seu parente marinho é que o exemplar da Amazônia não tem unhas nas nadadeiras peitorais. É também o único dos sirênios exclusivo de água doce. O peixe-boi da Amazônia é uma espécie endêmica, ocorrendo apenas nos sistemas do rio Amazonas, no Brasil e do rio Orinoco, no Peru.


O peixe-boi é um animal de vida longa. Estudos revelam que o peixe-boi vive até 50 anos, podendo, em alguns casos, chegar a 60 anos. Ao longo do tempo, o homem tem sido, em grande parte, o responsável pelo encurtamento da vida desse animal. A caça indiscriminada fez do peixe-boi o mamífero aquático mais ameaçado de extinção no Brasil. Além da caça deliberada, outros fatores de extinção são a morte acidental em redes de pesca, o encalhe de filhotes órfãos e a degradação ambiental.

De acordo com a IUCN, International Union for the Conservation of the Nature, todas as espécies de sirênios ainda existentes correm riscos de extinção.


No Brasil, o peixe-boi é protegido por lei desde 1967 - Lei de Proteção à Fauna, No. 5197. A caça e a comercialização de produtos derivados do peixe-boi é crime pode levar o infrator a até 2 anos de prisão.

O Projeto Peixe-Boi foi criado em 1980 pelo Governo Federal, numa tentativa de fazer uma avaliação da situação em que se encontrava o peixe-boi marinho no Brasil. Em 1990, o Projeto recebeu o status de Centro Nacional de Conservação e Manejo de Sirênios, uma unidade descentralizada do Ibama - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Desde então, conta com o apoio técnico-administrativo da Fundação Mamíferos Marinhos, uma organização não governamental sem fins lucrativos que capta recursos para investimentos no Projeto Peixe-boi.

Em 1998, o Centro foi promovido a Centro Nacional de Pesquisa, Conservação e Manejo de Mamíferos Aquáticos, sempre atuando em parceria com a Fundação Mamíferos Marinhos na execução do Projeto Peixe-Boi.

Para reverter o processo de extinção do peixe-boi marinho, o Projeto Peixe-Boi, com a unidade móvel "Iguarakue" fez um extenso levantamento na costa brasileira, através de entrevistas direcionadas às populações ribeirinhas, definindo as principais áreas de ocorrência desse mamífero aquático, recomendando a criação de Áreas de Proteção Ambiental e a implementação de Bases Executoras Regionais.

Para cumprir sua função, o Projeto Peixe-Boi resgata, reabilita e reintroduz peixes-boi no seu habitat natural. A reprodução e o nascimento de filhotes em cativeiro também são elementos importantes desta estratégia. Existem exemplos vitoriosos de animais que passaram por este processo, foram reintroduzidos e hoje são monitorados diariamente pela equipe técnica do Projeto através da rádio-telemetria (ver Seu Amigo Peixe-Boi).






Texto postado no blog: http://bruxaguinevere.blogspot.com/2009/03/panteoes-brasileiros.html