
Os Tylwyth Teg são “O Povo das Fadas”. São seres não humanos da mitologia Galesa ou Celta que vivem no “Outro Mundo” onde o tempo é diferente, podendo passar séculos humanos em um dia apenas do “Outro Mundo”.
Esse mundo fica em algum lugar depois do véu da realidade e suas portas encontravam-se nas florestas de carvalho galesas onde os Druidas (antigos sacerdotes celtas), rendiam seus sacrifícios e venerações.
Aparecem geralmente sob a forma de pequenos seres alados que cantam belas canções exaltando a natureza, o festival da colheita, equinócios, etc.

O respeito dos Celtas pelo Povo Tylwyth Teg é tamanho que o próprio Rei Arthur teria se convertido, após a morte, em membro honorário da raça. Por isso, várias lendas a seu respeito continuaram a ser contadas relatando seus feitos em outro mundo e suas aparições entre os vivos.
Dentre os Tylwyth Teg (o Povo Belo), existe uma classe de seres aparentados aos elfos nórdicos, chamados Ellyllon, são pequenos e gostam de comer fungos e cogumelos. A Fada Morgana das lendas Arthurianas é sua Rainha perpétua.A seguir duas histórias sobre o Povo Belo que o ajudarão a entender como eles são vistos pela mitologia Celta (que é bem diferente das fadinhas de Disney)…

As Fadas do Vento
O Povo Belo é igualzinho ao Povo Humano, bom e mau alternadamente.
Tudo começou no dia em que uma mulher perversa maltratou um cão na floresta. Ao verem isso, as Fadas desceram até ela e, agarrando-a pelos cabelos, suspenderam-na no ar.
- Quer voar acima, no meio ou abaixo dos ventos? – disse a Fada líder.
A mulher, calculando o risco e tentando ser esperta disse:
- Por baixo, por baixo
Então as Fadas arrastaram-na horas a fio pelos arbustos espinhosos, até a desgraçada ficar com a pele toda feita em tiras.
O Tempo passou e, certo dia, a prima da megera esfolada ia voltando da igreja quando encontrou o cão que a outra maltratara, que estava totalmente desnutrido e à beira da morte.
A mulher recolheu-o, tratou do animal e com todo carinho o devolveu à boa saúde e forma.
As Fadas apareceram também para esta mulher com proposta cujo teor trazia a mesma trapaça:
- Você quer um estábulo sujo e velho ou um estábulo novo e limpo?
A mulher, realmente inteligente, optou pelo velho e sujo, supondo que este certamente teria animais dentro. Dito e feito, se tornou a maior criadora de gado da região.
Esta foi uma história de como as Fadas recompensaram aquela amiga da natureza.
Mas a maldade também poderia se fazer presente.O Retorno de Robin
Quando Robin Mereddyd caminhava pela floresta ouviu o canto lindo de um pássaro (na verdade uma Fada) e decidiu sentar-se à sombra de uma árvore frondosa para ouvir a bela melodia.
Adormeceu e acordou já de noite.
Tomando o rumo de sua casa, ao levantar-ser percebeu que a árvore estava podre e ficou muito estarrecido já que ao sentar-se não se lembrava daquela situação.
Ao chegar em casa deparou-se com um velho, com um cajado na mão.
- Quem é você e o que faz aqui? – perguntou o velho.
- Eu é quem pergunto. Eu sou Robin Mereddyd e sempre habitei nessa casa.
O velho, tomado pelo espanto, pergunta:
- Você é Robin? O filho perdido de meu avô?
O velho então explicou ao jovem que ele era o seu sobrinho, e que o desaparecimento do jovem tio anos antes fora explicado por uma feiticeira como sendo provocado por Fadas.
- Então, estive todo o tempo em Outro Mundo?
O velho, apiedado, tomou Robin pela mão e introduziu-o na casa. Ao transpor a porta, porém, o velho sentiu a mão que segurava esfarelar-se e, ao voltar-se para o garoto viu que ele se convertera em uma melancólica pilha de pó no chão.
Dentre o Povo Belo existe uma classe de seres aparentados aos elfos nórdicos, chamados Ellyllon. Os elfos celtas, porém, apresentam algumas diferenças como possuírem o tamanho diminuto e se alijmentarem preferencialmente de fungos e cogumelos. Alguns acreditam que eles sejam governados por Gwydion (um mago poderoso), enquanto outros preferem acreditar que a Fada Morgana das lendas arturianas seja sua perpétua rainha.
A lenda seguinte conta as peripécias de um destes simpáticos seres das florestas (que a ótica cristã recém-instaurada tratou de converter, para fins de propaganda, numa encarnação do demônio).
Tudo começou no dia em que Tudur, um jovem criado de uma propriedade, levou o gado de seu patrão para empanzinar-se de pasto no Vale dos Elfos (Nant yr Ellilon).
Quando o dia estava acabando, Tudur preparou-se para voltar. Ao fazê-lo, porém, deparou-se com uma pequena criatura encarapitada em cima de uma pedra. A criaturinha era muito pequena e trajava vestes feitas com ramos de vidoeira. Na cabeça tinha um chapéu de flores, enquanto seus sapatos, feitos de asas de abelhas, resplandeciam, parecendo prestes a alçar o pequenino ser às alturas.
- Boa noite, camponês! Você gosta de dançar? – disse a criaturinha, com uma voz fininha à altura do seu tamanho.
Tudur não disse que sim, nem que não. Em vez disso, perguntou quem era a criaturinha, e se ele era, porventura, um músico.
- Sou o maior dos músicos, e logo irão chegar aqui os maiores dançarinos de toda Gales! – disse o Elfo.
- E pretende tocar o quê? – disse Tudur.
- Meu violino, é claro! – disse o ellyllon sacando seu instrumento debaixo do braço.
- Isso aí? disse Tudur, com desdém. – Esse seu violino não passa de um pedaço de pau!

No mesmo instante, começaram a surgir os bailarinos da floresta. Todos tinham o mesmo tamanho do pequeno elfo, e traziam vestes tão diáfanas quanto os sapatos do seu maestro.
Talvez por sua extraordinária leveza – ou, quem sabe, por se tratarem de entes incorpóreos, como bons seres sobrenaturais que eram – os ellyllon não vergavam uma única lâmina de grama ao pisarem no tapete verde da floresta.
Neste momento, o elfo violinista enganchou seu instrumento no queixo e começou a tirar os primeiros acordes de uma melodia absolutamente embriagadora. Os ellyllon se deram as mãos e formaram um círculo, pondo-se a dançar uma sarabanda alegre, com trejeitos de infinita graça.
Tudur sentiu, na mesma hora, uma vontade louca de entrar na dança, mas o medo das censuras azedas do pároco de sua aldeia o fez mudar de ideia.
- São todos servos do chifrudo! – dizia o pároco, noite e dia, ao populacho da aldeia, na tentativa de convencê-lo, de uma vez por todas, de que o velho deus Cernunnos das florestas, com seus galhos de alce projetados para o céu, não passava de uma personificação ecológica de Satanás.
- Vamos, tolo, venha! – disse o pequeno violinista, insistindo.
Então, a tentação foi mais forte e Tudur acabou por ir juntar-se à roda dos excomungados. Ele dançou como um perdido até perder o fôlego.
- Vamos, não pare maldito! – disse le ao ver o violinista suspender momentaneamente o arco.
Neste momento, um silêncio profundo desceu sobre a mata, e o pequeno elfo assumiu a forma negra do Tentador. Dos seus pés antes envolvidos pelos sapatos de assas de abelhas surgiram os cascos fendidos do Abominável Inimigo, enquanto dois chifres furavam o chapéu que antes recobria seus cabelos esverdeados. Os demais dançarinos se converteram em gatos negros e bodes imundos.
Nem por isso o pobre Tudur deixava de dançar, até o ponto em que se viu metido num círculo formado por criaturas horrendas, em meio a tenebrosas labaredas, e só foi parar de rodopiar quando o seu patrão o encontrou no dia seguinte, a girar sozinho, feito um pião.
- Meu patrão, em nome do Senhor, faça com que eu pare!
Diz a lenda que, no mesmo instante, Tudur parou de girar e foi cair desmaiado aos pés do seu patrão.
Desde então, o criado tornou-se um beato rezador e assustadiço e nunca mais quis saber de danças e festas.

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