terça-feira, 2 de julho de 2013

Tylwyth Teg são “O Povo das Fadas”





Os Tylwyth Teg são “O Povo das Fadas”. São seres não humanos da mitologia Galesa ou Celta que vivem no “Outro Mundo” onde o tempo é diferente, podendo passar séculos humanos em um dia apenas do “Outro Mundo”.
Esse mundo fica em algum lugar depois do véu da realidade e suas portas encontravam-se nas florestas de carvalho galesas onde os Druidas (antigos sacerdotes celtas), rendiam seus sacrifícios e venerações.
Aparecem geralmente sob a forma de pequenos seres alados que cantam belas canções exaltando a natureza, o festival da colheita, equinócios, etc.



O respeito dos Celtas pelo Povo Tylwyth Teg é tamanho que o próprio Rei Arthur teria se convertido, após a morte, em membro honorário da raça. Por isso, várias lendas a seu respeito continuaram a ser contadas relatando seus feitos em outro mundo e suas aparições entre os vivos.

Dentre os Tylwyth Teg (o Povo Belo), existe uma classe de seres aparentados aos elfos nórdicos, chamados Ellyllon, são pequenos e gostam de comer fungos e cogumelos. A Fada Morgana das lendas Arthurianas é sua Rainha perpétua.A seguir duas histórias sobre o Povo Belo que o ajudarão a entender como eles são vistos pela mitologia Celta (que é bem diferente das fadinhas de Disney)…



As Fadas do Vento

O Povo Belo é igualzinho ao Povo Humano, bom e mau alternadamente.

Tudo começou no dia em que uma mulher perversa maltratou um cão na floresta. Ao verem isso, as Fadas desceram até ela e, agarrando-a pelos cabelos, suspenderam-na no ar.

- Quer voar acima, no meio ou abaixo dos ventos? – disse a Fada líder.

A mulher, calculando o risco e tentando ser esperta disse:

- Por baixo, por baixo


Então as Fadas arrastaram-na horas a fio pelos arbustos espinhosos, até a desgraçada ficar com a pele toda feita em tiras.

O Tempo passou e, certo dia, a prima da megera esfolada ia voltando da igreja quando encontrou o cão que a outra maltratara, que estava totalmente desnutrido e à beira da morte.

A mulher recolheu-o, tratou do animal e com todo carinho o devolveu à boa saúde e forma.

As Fadas apareceram também para esta mulher com proposta cujo teor trazia a mesma trapaça:

- Você quer um estábulo sujo e velho ou um estábulo novo e limpo?

A mulher, realmente inteligente, optou pelo velho e sujo, supondo que este certamente teria animais dentro. Dito e feito, se tornou a maior criadora de gado da região.

Esta foi uma história de como as Fadas recompensaram aquela amiga da natureza.

Mas a maldade também poderia se fazer presente.O Retorno de Robin

Quando Robin Mereddyd caminhava pela floresta ouviu o canto lindo de um pássaro (na verdade uma Fada) e decidiu sentar-se à sombra de uma árvore frondosa para ouvir a bela melodia.

Adormeceu e acordou já de noite.

Tomando o rumo de sua casa, ao levantar-ser percebeu que a árvore estava podre e ficou muito estarrecido já que ao sentar-se não se lembrava daquela situação.

Ao chegar em casa deparou-se com um velho, com um cajado na mão.

- Quem é você e o que faz aqui? – perguntou o velho.

- Eu é quem pergunto. Eu sou Robin Mereddyd e sempre habitei nessa casa.

O velho, tomado pelo espanto, pergunta:

- Você é Robin? O filho perdido de meu avô?

O velho então explicou ao jovem que ele era o seu sobrinho, e que o desaparecimento do jovem tio anos antes fora explicado por uma feiticeira como sendo provocado por Fadas.

- Então, estive todo o tempo em Outro Mundo?

O velho, apiedado, tomou Robin pela mão e introduziu-o na casa. Ao transpor a porta, porém, o velho sentiu a mão que segurava esfarelar-se e, ao voltar-se para o garoto viu que ele se convertera em uma melancólica pilha de pó no chão.


Dentre o Povo Belo existe uma classe de seres aparentados aos elfos nórdicos, chamados Ellyllon. Os elfos celtas, porém, apresentam algumas diferenças como possuírem o tamanho diminuto e se alijmentarem preferencialmente de fungos e cogumelos. Alguns acreditam que eles sejam governados por Gwydion (um mago poderoso), enquanto outros preferem acreditar que a Fada Morgana das lendas arturianas seja sua perpétua rainha.

A lenda seguinte conta as peripécias de um destes simpáticos seres das florestas (que a ótica cristã recém-instaurada tratou de converter, para fins de propaganda, numa encarnação do demônio).

Tudo começou no dia em que Tudur, um jovem criado de uma propriedade, levou o gado de seu patrão para empanzinar-se de pasto no Vale dos Elfos (Nant yr Ellilon).

Quando o dia estava acabando, Tudur preparou-se para voltar. Ao fazê-lo, porém, deparou-se com uma pequena criatura encarapitada em cima de uma pedra. A criaturinha era muito pequena e trajava vestes feitas com ramos de vidoeira. Na cabeça tinha um chapéu de flores, enquanto seus sapatos, feitos de asas de abelhas, resplandeciam, parecendo prestes a alçar o pequenino ser às alturas.

- Boa noite, camponês! Você gosta de dançar? – disse a criaturinha, com uma voz fininha à altura do seu tamanho.

Tudur não disse que sim, nem que não. Em vez disso, perguntou quem era a criaturinha, e se ele era, porventura, um músico.

- Sou o maior dos músicos, e logo irão chegar aqui os maiores dançarinos de toda Gales! – disse o Elfo.

- E pretende tocar o quê? – disse Tudur.

- Meu violino, é claro! – disse o ellyllon sacando seu instrumento debaixo do braço.

- Isso aí? disse Tudur, com desdém. – Esse seu violino não passa de um pedaço de pau!

No mesmo instante, começaram a surgir os bailarinos da floresta. Todos tinham o mesmo tamanho do pequeno elfo, e traziam vestes tão diáfanas quanto os sapatos do seu maestro.

Talvez por sua extraordinária leveza – ou, quem sabe, por se tratarem de entes incorpóreos, como bons seres sobrenaturais que eram – os ellyllon não vergavam uma única lâmina de grama ao pisarem no tapete verde da floresta.

Neste momento, o elfo violinista enganchou seu instrumento no queixo e começou a tirar os primeiros acordes de uma melodia absolutamente embriagadora. Os ellyllon se deram as mãos e formaram um círculo, pondo-se a dançar uma sarabanda alegre, com trejeitos de infinita graça.

Tudur sentiu, na mesma hora, uma vontade louca de entrar na dança, mas o medo das censuras azedas do pároco de sua aldeia o fez mudar de ideia.

- São todos servos do chifrudo! – dizia o pároco, noite e dia, ao populacho da aldeia, na tentativa de convencê-lo, de uma vez por todas, de que o velho deus Cernunnos das florestas, com seus galhos de alce projetados para o céu, não passava de uma personificação ecológica de Satanás.

- Vamos, tolo, venha! – disse o pequeno violinista, insistindo.

Então, a tentação foi mais forte e Tudur acabou por ir juntar-se à roda dos excomungados. Ele dançou como um perdido até perder o fôlego.

- Vamos, não pare maldito! – disse le ao ver o violinista suspender momentaneamente o arco.

Neste momento, um silêncio profundo desceu sobre a mata, e o pequeno elfo assumiu a forma negra do Tentador. Dos seus pés antes envolvidos pelos sapatos de assas de abelhas surgiram os cascos fendidos do Abominável Inimigo, enquanto dois chifres furavam o chapéu que antes recobria seus cabelos esverdeados. Os demais dançarinos se converteram em gatos negros e bodes imundos.

Nem por isso o pobre Tudur deixava de dançar, até o ponto em que se viu metido num círculo formado por criaturas horrendas, em meio a tenebrosas labaredas, e só foi parar de rodopiar quando o seu patrão o encontrou no dia seguinte, a girar sozinho, feito um pião.

- Meu patrão, em nome do Senhor, faça com que eu pare!

Diz a lenda que, no mesmo instante, Tudur parou de girar e foi cair desmaiado aos pés do seu patrão.

Desde então, o criado tornou-se um beato rezador e assustadiço e nunca mais quis saber de danças e festas.



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